segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Rosemount GSM 2001

Uma paleta de cordeiro ao forno com farofa de castanhas (receita de Alex Atala levemente modificada) mereceu como acompanhamento o excelente GSM Rosemount 2001, um australiano de classe produzido com Grenache, Syrah e Mourvedre na região de South Australia.

Comprei o vinho cinco anos atrás na Mistral (quem agora distribui a Rosemount é a Vinci) e apostei em deixá-lo na adega mais algum tempo. Não me arrependi: o vinho estava no auge, evoluído, elegante, complexo, com um delicioso mentol no nariz, combimado com notas de cereja. Redondo em boca, mostrava ótima acidez, boa presença e final muito longo. Fez par perfeito com o cordeiro que, modéstia à parte, estava delicioso.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Cartas de vinhos premiadas


Meu amigo Sylvio Lazzarini, do Varanda e do Magistrale, me ligou ontem a noite exalando alegria. Depois do mais do que merecido prêmio de melhor carne de SP pela Veja SP, o Varanda rebeceu ontem o prêmio de melhor carta de vinhos do Brasil pelo Guia 4Rodas, que faz uma análise muita bem fundamenta para escolher os vencedores. Em segundo ficou um restaurante curitibano, seguido pela Locanda Della Mimosa (Petrópolis) e pelo grupo Rubaiyat, que ficou em quarto.
Acredito que a avaliação da melhor carta de vinhos vai além da quantidade/variedade dos rótulos, englobando também questões como margem de lucro, oferta de rótulos com boa relação qualidade/preço e o serviço do vinho (sommelier, copos, temperatura...).
E justamente ao receber a noticia do Sylvio lembrei de uma situação recente no ótimo restaurante Due Couchi. Pedi uma taça do Montepulciano D'Abruzzo Farnese (R$ 19,00 a taça no restaurante e R$ 39,00 a garrafa na WorldWine) e o vinho estava quente. Chamei o sommelier, que com má vontade se propôs a trocar por outro, no caso, um rótulo inferior, o básico Santa Álvara Merlot (R$ 17,00 a taça no restaurante e R$ 22,75 a garrafa na Mistral). A troca foi feita e o vinho estava na temperatura certa.
Porém, ao receber a conta, foi cobrado o Farnese. Alertei o garçon e alguns minutos depois chegou o sommelier. Perguntei se o "erro" havia sido corrigido. Sua espetacular resposta foi: "Sim, eu tirei dois reias da conta, mas eu perdi uma taça do outro vinho". Isso mesmo, essa foi a resposta do sommelier do Due Couchi. Não me restou outra alternativa, senão dizer ao rapaz: "Se vocês convervassem os vinhos em temperatura correta, isso não aconteceria".
Pois é. Situações assim ainda acontecem em restaurantes deste nível. Lamentável.

1996


Já comentei aqui que gosto muito de vinhos evoluídos, com 5, 10, 15 ou mais anos de guarda.Por isso, e, também, devido a uma tradição que existe em vários países vinícolas, costumo comprar bons vinhos produzidos nos anos em que meus dois filhos nasceram (1996 e 2005), para abri-los em datas especiais, como aniversários, por exemplo.Vários 2005 (Portos Vintage, Bordeaux, Douros etc.) comprados para abrir em homenagem ao meu filho ainda estão muito jovens, mas os 1996 para minha filha, não. Assim, anualmente abro uma garrafa na semana de seu aniversário.Lembro de abrir, nos últimos dois anos, um Don Melchor 1996 e um borgonha de Champy, o Beaune Premier Cru Les Marconnets 1996. Logicamente estavam ótimos.Na semana passada abri mais um destes 96, o Marques de Arienzo Gran Reserva Rioja. Eh um vinho mais simples, mas envelheceu bem. Tinha cor já bem evoluída, rubi claro com toques marrom. No nariz mostrava ainda aromas bem doces, algo de vermute. Tinha boa acidez e corpo, estava redondo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Salton Virtude 2008, um belo branco brasileiro

Abri no ultimo final de semana o Salton Virtude Chardonnay 2008, branco top lancado ha alguns meses pela brasileira Santon. Fiquei surpreso com a ótima qualidade do rótulo, o que mostra que a casa vem evoluindo muito bem.
Além de ótimos espumantes e tintos (Talento e Desejo), agora um belo chardonnay barricado, mas sem excessos que vemos em muitos exemplares do Chile, e, especialmente, da Argentina. Um exemplo é o Catena Chardonnay, que tomei em um restaurante na semana passada. Enjoativo, com muita madeira, "over". Matou o peixe que estava comendo.

Sem dúvida o Virtude é melhor. Vale tomá-lo acompanhado de um bacalhau.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Val de Flores 2003

Ainda falando de Argentina, tomei na semana passada o Val de Flores, da safra 2003, vinho superpremium feito por Michel Rolland na Argentina. Estava em minha adega há uns quatro anos.

A primeira vez que tomei o Val de Flores foi em 2004, em uma degustação de malbecs tops conduzida por Saul Galvão na Expovinis. Era um exemplar da safra 2002, excepcional. Ficou à frente de outros grandes malbecs do País, como Felipe Rutini 2001, Fond de Cave Reserva 2002, Yacochuya 1999, Cadus 2000 e Catena Angélica Zapata 2000. Cor quase negra, nariz com muita fruta, chocolate e tabaco.. Na boca se mostrava completo, intenso, equilibrado e longo. Ainda estava muito jovem, mas já demonstrava toda sua categoria.
A safra 2002 do Val de Flores foi considerada pelos críticos melhor do que a 2003 (95 pontos contra 91 pontos, segundo Robert Parker), mas este também estava excelente. O 2003 ganhou muito com os anos de guarda, mostrando o potencial de envelhecimento dos grandes vinhos argentinos. A cor ainda estava bastante intensa, com notas negras, em um rubi profundo. Aroma com frutas maduras, muito intenso. Na boca estava pronto, sedoso, longo. E como o vinho era especial, nada melhor do que acompanhá-lo com algo especial, no caso, um Kobe Beef na brasa temperado com flor de sal. Casamento perfeito!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Argentina: decadência ampla, geral e irrestrita?


Que na virada dos Séculos 19 para 20 a Argentina tinha uma das maiores economias do mundo muita gente sabe, mas que eles também eram um dos maiores mercados para os vinhos de Bordeaux na mesma época é uma novidade, ao menos para mim. Li isto no ótimo livro O vinho mais caro da História (o título em inglês é The Billionaire Vinegar), que conta em detalhes como um falsificador alemão muito esperto enganou os esnobes do mundo do vinho por décadas, vendendo garrafas fajutas de premier crus centenários.

Mas não quero falar do livro, e, sim, da Argentina. É impressionante e triste a decadência do País em vários os níveis, com a honrosa exceção dos vinhos. Muita gente não vai concordar com o “triste” que coloquei aí em cima, em especial pelos saborosos apuros que eles vêm enfrentando com a seleção de futebol comandada por ninguém menos que Maradona. Mas não tem jeito, para mim é triste mesmo ver um País que já foi o que eles foram, chegar nisto, e, aqui, o futebol é apenas um reflexo do contexto geral.

Nem a carne deles, a melhor do mundo, vai resistir, dizem os especialistas. Outro dia o Sylvio Lazzarini, dono da churrascaria Varanda e uma das pessoas que mais entende de carne no Brasil, comentava que, embora o terroir da Argentina (mais especificamente da região de Buenos Aires) seja perfeito para a produção de gado de altíssima qualidade, o cenário vem mudando radicalmente por lá, fruto das besteiras promovidas pelo casal Kirchner e da rápida substituição da criação de gado pela cultura de grãos, mais rentável. Hoje, segundo Lazzarini, já é muito difícil encontrar carnes de alta qualidade por lá.

Economia em frangalhos, indústria sucateada, pobreza em alarmante crescimento, o campo em guerra contra o governo, queda na qualidade do símbolo nacional que é a carne... futebol seriamente ameaçado de ficar fora da Copa do Mundo. Que fase!

Como disse, é uma pena. Vamos torcer para que a decadência não chegue ao mundo do vinho argentino, que vive, aliás, uma fase de excelência, com qualidade crescente e conquista de mercados internacionais.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Chenerny Rouillon 2006 e El Albar Barricas 2002



Tomei recentemente dois vinhos muito conhecidos, mas que ainda não tinha experimentado. Gostei de ambos.


Um deles foi o Rouillon 2006, um tinto da denominação Cheverny produzido no Loire por Clos du Tue-Boeuf a partir de uvas Pinot Noir (WorldWine, por volta de R$ 100,00). Gostoso, frutado intenso, mas sem excessos, elegante. Combina muito bem com carne de porco e pratos mais leves de carne bovina.


Bom também o El Albar Barricas 2002, produzido na região do Toro (Espanha) pelos irmãos Lurton (Zahil, R$ 105,00). Potente, sedoso, longo, escoltou bem um saltimboca com risoto de chips de presunto crú.