sábado, 19 de dezembro de 2009

Albariño uruguaio

Adoro vinhos feitos com a Alvarinho portuguesa. São gostosos, agradáveis, leves, alegres, os chamados vinhos ideiais para a piscina, para o verão, acompanhando frutos do mar, como lula à dorê, camarão frito, manjuba etc. Também gosto muito de sua irmã espanhola, a Albariño, embora estes sejam bem diferentes. Em geral mais complexos e untuosos, vão bem com furtos do mar com sabores mais intensos.
Nunca tinha experimentado um Albariño não espanhol e sequer imaginava que existia algum até uns meses atrás, quando estava na loja da importadora Decanter e o atendente me recomendou um Albariño Bouza, do Uruguai. Comprei pela curiosidade.

Pois bem. Tomei o Albariño "hecho en Uruguay" neste fim de semana, acompanhado de vários pratros do mar: Lulas à dorê, Lagosta na manteiga e risoto de camarão (pedido de minha filha, que adora risoto e ama camarão). O vinho me surpreendeu. Excelente, com notas de mel, flores e maçã ao nariz, intenso e untuoso em boca. Longo, gostoso. Recomendo, apesar do preço salgado, R$ 85,00.

Um brinde ao Uruguai, que a cada dia que passa produz vinhos mais interessantes.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Desafio EUA x Austrália

Realizada na terça-feira da semana passada, dia 8/12, a mais recente reunião da Confraria dos Amigos da Rolha teve como tema um desafio EUA x Austrália, dois países que produzem grandes e espetaculares vinhos, alugns deles míticos, como o Grange e o Caymus, entre outros.

Entre as maravilhas desgustadas estavam:

- Director's Cut Coppola Cabernet Sauvignon 2006 - Alexander Valley/Califórnia - EUA

- Archery Summit Dundee Hills Pinot Noir 2006 - Orgeon - EUA

- The Dead Arm D'arenberg 2005 - MacLaren Valley - Austrália

- Christian Moueix Dominus 2000 - Napa Valley - EUA

- Joseph Drouhin Pinot Noir 2006 - Oregon - EUA

- John Duval Entaty Shiraz 2008 - Barrosa Valley - Austrália

- Bacio Divino Vagabond Cabernet/Syrah 2005 - Napa Valley - EUA

Embora todos fossem excelentes vinhos, o John Duval Entity e o Bacio Divino Vagabond foram os scolhidos de todos os presentes, tanto durante a degustação quanto durante o jantar, quando saboreamos carnes australianas que o Varanda está trazendo ao Brasil, como top sirloin, ribeye etc.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Bacalhau e vinho

Retomo um tema que já foi tratado aqui mais de uma vez: a compatibilização de bacalhau com vinho. Como adoro bacalhau e adoro vinho, o tema sempre me agrada.

Particularmente, prefiro com brancos barricados, mas não me privo de saborear um prato de bacalhau com alguns tintos também. Recentemente tive a oportunidade, mais uma vez, de degustar as duas opções, em um restaurante e em casa. Ficarei restrito à minha experiência caseira.

Preparei uma versão (gosto mudar as receitas) do Bacalhau à Gomes de Sá. Em vez do forno, usei o fogo, mais precisamente uma panela wok. Fritei em azeite um pouco de bacon picado , depois bastante cebola e um pouco de alho triturado. Coloquei o bacalhau em lascas (previamente e completamente dessalgado e limpo, depois colocado em alguns minutos em água fervente), azeitonas pretas, pimenta vermelha picada, ovos cozidos, salsinha picada, batatas em cubos (previamente cozinhas e al dente), azeite, azeite e mais azeite. Sal e pimente do reino. Após misturar tudo com cuidado, deixei em fogo baixo em 15/20 minutos. No fim, adicionei alhos assados (um purê espetácular). Estava pronto.
Para acompanhar, escolhi, com base minha preferência pessoal, um branco com passagem em barris de carvalho, o espanhol Luis Alegre Blanco Selección de Robles Europeos 2007. Belo branco, com seis meses de carvalho. Dourado claro com aromas de frutas secas. Elegante, intenso e refrescante. Um grande vinho, sem dúvida, que certamente envelhecerá muito bem.

Estava decidido a permanecer somente no excelente branco quando lembrei que havia aberto, um dia antes, o chileno Odfjell Orzada Cabernet Franc 2005, que comprei recentemente em Santiago por recomendação de um vendedor da loja El Mundo di Vino. Um bom vinho, redondo, bem resolvido, com tanicos macios, que também se saiu bem com o bacalhau.

Resultado: continuo preferindo os brancos para acompanhar bacalhau, mas um tinto pode cair bem também, como o exemplo recente demonstrou.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Chile: entre restaurantes e vinhos em Santiago




Passar alguns dias no Chile sempre faz bem. Além de bem limpa e cada vez mais moderna, a capital Santiago vem experimentando um boom de ótimos restaurantes, que combinam boa comida com bom ambiente e bom serviço, inclusive de vinhos.



Passei o último feriado em Santiago em um tour enogastronômico. Nada de visitas às bodegas (em minha opinião, cansativas e repetitivas). Focamos nos restaurantes e seus vinhos. E já quero voltar!

Começamos na sexta à noite pelo Europeo (calle Alonso de Cordova, 2417, Vitacura – http://www.europeo.com.cl/), comandado pelo chef Carlos Meyer Anwandter, que apresenta uma comida moderna, leve e com raízes chilenas. A casa está listada entre as três melhores de Santiago pelo jornal El Mercúrio. De fato é excelente. Como entrada, eu e minha mulher dividimos um prato que combinava salmão em vários estilos (defumado, tartar, carpaccio etc.), mais lâminas de cerdo defumado e salada de rúcula. De principal, fui de medalhão de congrio com risoto de manjericão, pata de centolla e espuma de queijo parmesão. Janaina escolheu lombo de merluza (que lá é muito boa) em crosta de trufas negras, pesto de azeitonas verdes e fetuccini de tinta de lula. Os pratos estavam espetaculares, idem a sobremesa, sinfonia de chocolate.
E para acompanhar, tomamos um branco simples, o Escudo Rojo Chardonnay 2008, que estava muito bom também.

No sábado almoçamos no La Mar (av. Nueva Costanera, 3922, Vitacura – www.lamarcebicheria.com), a cebicheria peruana que faz sucesso em todo lugar que abre, inclusive em São Paulo. Visitei as duas, aqui e em Santiago, e afirmo: a de lá é melhor, embora a daqui também seja muito boa. Além da maior variedade de pescados das águas gélidas do pacífico, o La Mar de Santiago tem uma seleção de mais de 40 vinhos em taça, em sua maioria brancos. Começamos com lulas à dore, seguida por alguns cebiches, de merluza, lulas, polvo etc. Para acompanhar, Terrunyo Sauvignon Blanc 2008.

O jantar estava reservado no Puerto Fuy (av. Nueva Costanera, 3969 – http://www.puertofuy.cl/), casa onde já tínhamos ido em 2008 e que adoramos. Desta vez, estava ainda melhor, da comida ao excelente serviço. Para mim o Puerto Fuy é o melhor restaurante de Santiago. Vamos lá: de entrada pedimos polvo glaceado com molho de enguia, acompanhado de uma taça de Cono Sur Reserva Pinot Noir. Combinação perfeita. De principais fomos de cebiche misto estilo peruano (camarão, polvo, merluza, atum e truta) e ravióli de loco com tomate concasse e espuma de champagne, acompanhado de Amayna Sauvignon Blanc 2007.

No domingo almoçamos no Da Carla, trattoria chique de boa qualidade, e jantamos no Adra, restaurante do hotel Ritz Carlton (calle El Alcalde, 15, Las Condes), considerado hoje o melhor de Santiago. O Adra tem a vantagem de ficar ao lado do sensacional bar de vinhos do hotel, o Wine 365, que tem em sua carta 365 tipos de vinhos.

O restaurante é realmente é muito bom, mas não é o melhor, ainda mais que na mesa ao meu lado estava um enojeca, infelizmente brasileiro, que passou o jantar inteiro importunando a esforçada sommelière da casa, falando que determinado vinho estava oxidado e tecendo comentários esnobes sobre os vinhos que pedia, coisas como “este Almaviva 2006 é o menos pior entre os Almavivas”, “qual é a porcentagem de Carmenère nesta safra?”.

Tirando o enojeca ao meu lado, a casa merece uma visita, sem dúvida. De entrada pedimos o prato sabores del mar (salmão, camarão grelhado, camarão cru, centolla etc.), acompanhado de Amélia Chardonnay 2006. Pratos principais: camarão de rio salteado com feijões guizados e assado de tira com purê de topinambur (também conhecido por Alcachofra de Jerusalém e que tem a consistência de uma batata), este acompanhado de uma taça do Von Seibenthal Montelig 2004, corte de Cabernet Sauvignon, Petit Verdot e Carmenére. De sobremesa, trio de creme brulee.

Infelizmente, na segunda não deu para ir para local algum, pois meu vôo para São Paulo era bem no horário do almoço.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Leitão com tinto da Bairrada


A foto aí de cima é do porquinho de leite que preparei domingo passado em casa, recheado com farofa de milho, macadêmias e uvas-passas. Foi adaptado de uma receita do chef franco-carioca Claude Troisgros, mas sem o coentro (que ele usa sempre e eu não gosto) no tempero, substituído por salsinha. Comprei a carne no açougue Porco Feliz do Mercado Municipal (eles entregam onde você quiser). O porquinho tinha apenas 4 kg e ficou 5 horas em forno baixo.

Para acompanhar o leitão optei pela tradição, iso é, um tinto da região portuguesa da Bairrada, famosa pelo leitão local. Escolhi o Termeão 2003 do produtor Campolargo, feito a partir de Touriga Nacional (75%), Cabernet Sauvignon (15%) e Castelão Nacional (10%). Foram engarrafadas apenas 2875 unidades do vinho.

Bom rótulo, bem feito e com taninos bem resolvidos, o Termeão não foi a melhor escolha para acompanhar o leitão. O vinho tem um estilo mais novo mundo e a acidez, embora boa, não foi páreo para a rusticidade do prato, que sobrou. Melhor seria, acredito, se tivesse optado por um exemplar do Alentejo ou da espanhola Rioja.

Mas isto não me impediu, é óbvio, de saborear o leitãozinho com o Termeão. Até a próxima.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Dois Brancos para acompanhar peixes e frutos do mar

Nas ultimas semanas bebi dois vinhos brancos muito bons para acompanhar frutos do mar e peixes em geral. Ambos com ótima relação qualidade preço.

Um deles é o Quinta de Cabriz Colheita Selecionada Branco 2007, que custa uns R$ 25,00 (a Expand está vendendo a garrafa do vinho por 12,50 em sua loja no Premium Outlet, na rodovia dos Bandeirantes, pois não é mais a importadora do produtor, a Dao Sul). Tomei o vinho na Peixada do Lago, um restaurante famoso de Pedreira (cidade próxima a Campinas), que serve o melhor pintado na brasa que já comi. Vale a pena conhecer o vinho, muito refrescante, gostoso. Se for na Peixada do Lago, melhor ainda.
Já o Ostatu Blanco 2008 da Rioja (trazido ao Brasil pela CultVinho por apenas R$ 38,00) eu tomei em casa, para acompanhar um almoco com polvo no vinagrete e lula à provençal. Estava muito bom, também refrescante, leve, gostoso, com notas cítricas e algo mineral. É produzido a partir das castas Viura e Malvasia. Recomendo.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Marcel Lapierre Morgon 2004

Gosto dos Beaujolais, em especial dos crus de Beaujolais, advindos dos terrenos de Morgon, Saint-Amour, Moulin-à-Vent, Fleurie e Brouilly. São vinhos alegres, leves, elegantes, perfeitos para a primavera e que permitem até um certo envelhecimento.

Comprei há pouco mais de dois anos duas garrafas de um belo Cru de Beaujolais, o Marcel Lapierre Morgon 2004, feito a partir da Gamay de forma natural. À época, abri o vinho para acompanhar uma Frango Caipira em crosta de sal. Belo casamento, aliás. O vinho estava excelente, elegante, leve, com frutas frescas na medida, redondo na boca.

No feriado prolongado passado abri outra garrafa do Marcel Lapierre Morgon 2004 que estava em minha adega, desta vez para acompanhar uma Galinha d'Angola ao forno. Ainda estava excelente, mas já demonstrava boa evolução ao nariz e na boca.

É um vinho que vale a pena conhecer. O exemplar da safra 2007 custa R$ 145,00 na Worldwine.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Degustação Memorável: magnum de Château d'Yquem 1994

A última degustação da Confraria dos Amigos da Rolha terminou em grande estilo, com um presente oferecido pelo confrade Sylvio Lazzarini: uma garrafa magnum do mais famoso vinho de sobremesa do mundo, o Château d'Yquem, safra 1994.

Para quem, como eu, nunca tinha tinha tomado o d'Yquém, foi um momento especial. O sauternes é realmente insuperável. Pena que, após a degustação de nove garrafas de toscanos e piemonteses, a turma não tinha mais condições de aproveitar todo o conteúdo da garrafa magnun. Esta ficou pela metade, mas foi devidamente guardada para outras oportundidades.



quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Degustação Memorável: o raro e caro Masseto IGT 2002

Além do desafio Piemonte x Toscana onde brilharam barolos, barbarescos, brunellos e supertoscanos, como o campeão Gaja Barbaresco 1989, a degustação da Confraria dos Amigos da Rolha, no último dia 5 de outubro, também teve duas gratas surpresas.

A primeira delas foi uma garrafa, oferecida pelo confrade João Camargo, do raro e caro Masseto IGT 2002, tinto 100% Merlot produzido pela Tenuta dell'Ornellaia. É um vinho especial, de exceção, com pequena produção, muito difícil de ser encontrado, comercializado somente através de alguns negociantes de Bordeaux e mesmo em leilões. Seu preço é alto, em torno de U$ 300 a U$ 500 no exterior.

Muitas vezes acho que alguns vinhos criam em torno de si uma imagem, uma aura que não se justifica ao serem bebidos. Mas confesso que fiquei impressionado com a qualidade do Masseto, um vinho realmente espetacular, sem arestas, redondo.

A segunda surpresa conto no próximo post.

* O sempre atento leitor Eugênio Oliveira corrigiu uma informação que tinha passado acima sobre a ausência do Masseto no Brasil. Na realidade o vinho está disponível aqui por meio da Grand Cru ao estratosférico preço de R$ 2.370,00, safra 2005.

Degustação memorável: Gaja Barbaresco 1989

Um Gaja Barbaresco 1989 foi o principal destaque de uma degustação memorável realizada pela Confraria dos Amigos da Rolha na ultima segunda-feira (5/10) em São Paulo. Sob o tema Piemonte x Toscana, foram degustados oito rótulos distintos, em um notável painel das duas regiões: barolos e barbarescos, de um lado; brunellos e supertoscanos, de outro.

Eleito com louvor o melhor da noite, o Gaja Barbaresco 1989 estava sensacional, uma verdadeira obra de arte do produtor italiano Angelo Gaja. Difícil não se render aos encantos de um vinho como aquele.

O Piemonte também abocanhou o segundo lugar com um Barolo Ornato 2004 de Pio Cesare, seguido por outros grandes rótulos, como Brunello di Montalcino Il Principe 1991, Brunello di Montalcino Tenuta Nova Casanova de Neri 2003, Grattamacco Bolgheri Superiore IGT 2002, Aldo Conterno Barolo Romirasco DOGC 1993, Brunello di Montalcino La Poderina 1997 e Sassicaia 1995, o famoso supertoscano do Marchesi Inciso della Rocchetta.

Esta série fantástica de vinhos foi depois saboreada com pratos classicos italianos: Bresaola della casa, Raviolone all'uovo tartufato e Maialino crocante acompanhado de risoto com ragu do próprio leitão.

Inesquecível!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Rosemount GSM 2001

Uma paleta de cordeiro ao forno com farofa de castanhas (receita de Alex Atala levemente modificada) mereceu como acompanhamento o excelente GSM Rosemount 2001, um australiano de classe produzido com Grenache, Syrah e Mourvedre na região de South Australia.

Comprei o vinho cinco anos atrás na Mistral (quem agora distribui a Rosemount é a Vinci) e apostei em deixá-lo na adega mais algum tempo. Não me arrependi: o vinho estava no auge, evoluído, elegante, complexo, com um delicioso mentol no nariz, combimado com notas de cereja. Redondo em boca, mostrava ótima acidez, boa presença e final muito longo. Fez par perfeito com o cordeiro que, modéstia à parte, estava delicioso.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Cartas de vinhos premiadas


Meu amigo Sylvio Lazzarini, do Varanda e do Magistrale, me ligou ontem a noite exalando alegria. Depois do mais do que merecido prêmio de melhor carne de SP pela Veja SP, o Varanda rebeceu ontem o prêmio de melhor carta de vinhos do Brasil pelo Guia 4Rodas, que faz uma análise muita bem fundamenta para escolher os vencedores. Em segundo ficou um restaurante curitibano, seguido pela Locanda Della Mimosa (Petrópolis) e pelo grupo Rubaiyat, que ficou em quarto.
Acredito que a avaliação da melhor carta de vinhos vai além da quantidade/variedade dos rótulos, englobando também questões como margem de lucro, oferta de rótulos com boa relação qualidade/preço e o serviço do vinho (sommelier, copos, temperatura...).
E justamente ao receber a noticia do Sylvio lembrei de uma situação recente no ótimo restaurante Due Couchi. Pedi uma taça do Montepulciano D'Abruzzo Farnese (R$ 19,00 a taça no restaurante e R$ 39,00 a garrafa na WorldWine) e o vinho estava quente. Chamei o sommelier, que com má vontade se propôs a trocar por outro, no caso, um rótulo inferior, o básico Santa Álvara Merlot (R$ 17,00 a taça no restaurante e R$ 22,75 a garrafa na Mistral). A troca foi feita e o vinho estava na temperatura certa.
Porém, ao receber a conta, foi cobrado o Farnese. Alertei o garçon e alguns minutos depois chegou o sommelier. Perguntei se o "erro" havia sido corrigido. Sua espetacular resposta foi: "Sim, eu tirei dois reias da conta, mas eu perdi uma taça do outro vinho". Isso mesmo, essa foi a resposta do sommelier do Due Couchi. Não me restou outra alternativa, senão dizer ao rapaz: "Se vocês convervassem os vinhos em temperatura correta, isso não aconteceria".
Pois é. Situações assim ainda acontecem em restaurantes deste nível. Lamentável.

1996


Já comentei aqui que gosto muito de vinhos evoluídos, com 5, 10, 15 ou mais anos de guarda.Por isso, e, também, devido a uma tradição que existe em vários países vinícolas, costumo comprar bons vinhos produzidos nos anos em que meus dois filhos nasceram (1996 e 2005), para abri-los em datas especiais, como aniversários, por exemplo.Vários 2005 (Portos Vintage, Bordeaux, Douros etc.) comprados para abrir em homenagem ao meu filho ainda estão muito jovens, mas os 1996 para minha filha, não. Assim, anualmente abro uma garrafa na semana de seu aniversário.Lembro de abrir, nos últimos dois anos, um Don Melchor 1996 e um borgonha de Champy, o Beaune Premier Cru Les Marconnets 1996. Logicamente estavam ótimos.Na semana passada abri mais um destes 96, o Marques de Arienzo Gran Reserva Rioja. Eh um vinho mais simples, mas envelheceu bem. Tinha cor já bem evoluída, rubi claro com toques marrom. No nariz mostrava ainda aromas bem doces, algo de vermute. Tinha boa acidez e corpo, estava redondo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Salton Virtude 2008, um belo branco brasileiro

Abri no ultimo final de semana o Salton Virtude Chardonnay 2008, branco top lancado ha alguns meses pela brasileira Santon. Fiquei surpreso com a ótima qualidade do rótulo, o que mostra que a casa vem evoluindo muito bem.
Além de ótimos espumantes e tintos (Talento e Desejo), agora um belo chardonnay barricado, mas sem excessos que vemos em muitos exemplares do Chile, e, especialmente, da Argentina. Um exemplo é o Catena Chardonnay, que tomei em um restaurante na semana passada. Enjoativo, com muita madeira, "over". Matou o peixe que estava comendo.

Sem dúvida o Virtude é melhor. Vale tomá-lo acompanhado de um bacalhau.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Val de Flores 2003

Ainda falando de Argentina, tomei na semana passada o Val de Flores, da safra 2003, vinho superpremium feito por Michel Rolland na Argentina. Estava em minha adega há uns quatro anos.

A primeira vez que tomei o Val de Flores foi em 2004, em uma degustação de malbecs tops conduzida por Saul Galvão na Expovinis. Era um exemplar da safra 2002, excepcional. Ficou à frente de outros grandes malbecs do País, como Felipe Rutini 2001, Fond de Cave Reserva 2002, Yacochuya 1999, Cadus 2000 e Catena Angélica Zapata 2000. Cor quase negra, nariz com muita fruta, chocolate e tabaco.. Na boca se mostrava completo, intenso, equilibrado e longo. Ainda estava muito jovem, mas já demonstrava toda sua categoria.
A safra 2002 do Val de Flores foi considerada pelos críticos melhor do que a 2003 (95 pontos contra 91 pontos, segundo Robert Parker), mas este também estava excelente. O 2003 ganhou muito com os anos de guarda, mostrando o potencial de envelhecimento dos grandes vinhos argentinos. A cor ainda estava bastante intensa, com notas negras, em um rubi profundo. Aroma com frutas maduras, muito intenso. Na boca estava pronto, sedoso, longo. E como o vinho era especial, nada melhor do que acompanhá-lo com algo especial, no caso, um Kobe Beef na brasa temperado com flor de sal. Casamento perfeito!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Argentina: decadência ampla, geral e irrestrita?


Que na virada dos Séculos 19 para 20 a Argentina tinha uma das maiores economias do mundo muita gente sabe, mas que eles também eram um dos maiores mercados para os vinhos de Bordeaux na mesma época é uma novidade, ao menos para mim. Li isto no ótimo livro O vinho mais caro da História (o título em inglês é The Billionaire Vinegar), que conta em detalhes como um falsificador alemão muito esperto enganou os esnobes do mundo do vinho por décadas, vendendo garrafas fajutas de premier crus centenários.

Mas não quero falar do livro, e, sim, da Argentina. É impressionante e triste a decadência do País em vários os níveis, com a honrosa exceção dos vinhos. Muita gente não vai concordar com o “triste” que coloquei aí em cima, em especial pelos saborosos apuros que eles vêm enfrentando com a seleção de futebol comandada por ninguém menos que Maradona. Mas não tem jeito, para mim é triste mesmo ver um País que já foi o que eles foram, chegar nisto, e, aqui, o futebol é apenas um reflexo do contexto geral.

Nem a carne deles, a melhor do mundo, vai resistir, dizem os especialistas. Outro dia o Sylvio Lazzarini, dono da churrascaria Varanda e uma das pessoas que mais entende de carne no Brasil, comentava que, embora o terroir da Argentina (mais especificamente da região de Buenos Aires) seja perfeito para a produção de gado de altíssima qualidade, o cenário vem mudando radicalmente por lá, fruto das besteiras promovidas pelo casal Kirchner e da rápida substituição da criação de gado pela cultura de grãos, mais rentável. Hoje, segundo Lazzarini, já é muito difícil encontrar carnes de alta qualidade por lá.

Economia em frangalhos, indústria sucateada, pobreza em alarmante crescimento, o campo em guerra contra o governo, queda na qualidade do símbolo nacional que é a carne... futebol seriamente ameaçado de ficar fora da Copa do Mundo. Que fase!

Como disse, é uma pena. Vamos torcer para que a decadência não chegue ao mundo do vinho argentino, que vive, aliás, uma fase de excelência, com qualidade crescente e conquista de mercados internacionais.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Chenerny Rouillon 2006 e El Albar Barricas 2002



Tomei recentemente dois vinhos muito conhecidos, mas que ainda não tinha experimentado. Gostei de ambos.


Um deles foi o Rouillon 2006, um tinto da denominação Cheverny produzido no Loire por Clos du Tue-Boeuf a partir de uvas Pinot Noir (WorldWine, por volta de R$ 100,00). Gostoso, frutado intenso, mas sem excessos, elegante. Combina muito bem com carne de porco e pratos mais leves de carne bovina.


Bom também o El Albar Barricas 2002, produzido na região do Toro (Espanha) pelos irmãos Lurton (Zahil, R$ 105,00). Potente, sedoso, longo, escoltou bem um saltimboca com risoto de chips de presunto crú.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Domaine Drouhin Pinot Noir 1997 (Oregon, EUA)


Acho que já comentei aqui que tenho especial predileção por vinhos envelhecidos, evoluídos. Acho fantástico abrir uma garrafa com 10, 15, 20 anos. Além de elegância, da finesse, dos aromas e sabores diferenciados que um bom vinho consegue com o tempo, gosto de pensar na ação do tempo sobre produtor, seu enólogo, sua região, seu País de origem... Há 10 anos, o que eu estava fazendo? O que acontecei no Brasil, no mundo?

Em contrapartida, não vejo muita graça em abrir vinhos muito jovens, em especial vinhos de alta gama. Um Don Melchor 2005, por exemplo. Claro que o vinho, se tiver qualidade, não estará ruim com dois, três ou quatro anos de garrafa, mas tenho convicção de que ele vai melhorar com mais alguns anos na adega.

Mas o contrário também ocorre. Meses atrás, em uma degustação de vinhos norte-americanos, peguei em minha adega um Pinot Noir top de linha produzido pelo borgonhês Joseph Drouhin no Oregon, o Cuveé Laurène, safra 1996. O vinho não estava estragado, mas tinha passado do seu auge, estava em franca decadência, morrendo.

Como tinha outras garrafas antigas do mesmo produtor e região em casa, no caso, um Joseph Drouhin Pinot Noir 1997 (o básico, que é um pouco mais barato do que o Cuveé Laurène), logo que surgiu uma oportunidade, abri uma delas, na expectativa negativa de que também tivessem passado do ponto. Surpresa: o vinho estava excelente, muito vivo, mas elegante, evoluído, longo. O tipo de vinho que gosto.

Parece uma coisa sem lógica um vinho mais simples evoluir melhor do que outro, em tese, melhor, e, de fato, mais caro, mas no mundo do vinho as variáveis são tantas, que isso acontece muito. Isto é uma das coisas fascinantes dos vinhos.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Portugal: Tasca da Esquina

De todos os restaurantes que visitei em Portugal, aquele que mais gostei foi a Tasca da Esquina, uma casa aberta recentemente pelo chef Vitor Sobral, que é bastante conhecido aqui no Brasil, onde já realizou vários festivais e até chegou a anunciar a abertura de um restaurante em São Paulo, algum tempo atrás. Instalado em um lugar bem pequeno em uma esquina movimentada do bairro de Campo Ourique, o restaurante não se destaca pelo (falta de) conforto ou luxo, mas sim pelo ambiente barulhento, alegre e variado, associado à ótima comida.

Visitei o local em minha última noite em Lisboa e fiquei arrependido de ter não ter ido antes para poder voltar mais uma vez. Após o couvert com pão caseiro, azeitonas, queijo de ovelha e petisco do dia (paio e lombo), pedimos camarão salteado com malagueta e alecrim de entrada (6,50 euros), seguido de um dos menus-degustação da casa, chamado de Fique nas Mãos do Chef. Preferi o menu com cinco porções por 19,50 euros: Sopa fria de Melão com presunto cru, Lingueirão (também chamado Canivete, é um molusco estranho, no formato de um pequeno pedaço de bambu), Salada de búzios (um tipo de marisco), Cherne com migas de tomate e Bochechas de Vitela. Todos pratos totalmente incomuns, com sabores acentuados, mas também extremante frescos e bons.

Para acompanhar, tomei algumas taças de Alvariho Muros de Melgaço 2008, seguido de um tinto da casa, o Chef’s Collection Alentejo 2007.

Recomendo!

Rua Domingos Sequeira 41C Campo de Ourique . 1350-119 Lisboa

Fone: 210 993 939

www.tascadaesquina.com

Degustação: RC Reserve, Mitolo, Quinta do Crasto, Filósofos 4


A confraria da qual faço parte se encontrou nessa com uma missão complicada proposta pelo restaurateur Sylvio Lazzarini, do Varanda e do Magistrale: combinar vinhos tintos com pratos modernos, com acento regional brasileiro, mais especificamente do centro-oeste. Entre os pratos estavam boas invenções, como Foie Gras ao molho de damasco com terrine de frango caipira e ovo tartufado (maravilhoso), seguido de risoto de frango caipira com pequi, e, finalizando, um saboroso frango caipira com purê de mandioquinha e molho de jabuticaba.
Para o Foie Gras optamos pelo tradicional, um Sauternes, o Château Lamothe Guignard 1988. Estava muito bom, casamento perfeito. Já com os outros pratos, degustamos rótulos bem distintos, embora todos tintos intensos e encorpados: RC Reserve Niebaum-Coppola Syrah 2002 (Napa Valley, EUA), Mitolo Savitar Shiraz 2006 (McLaren Vale, Austrália), Quinta do Crasto Touriga Nacional 2006 (Douro, Portugal) e Filósofos 4 2003 (corte de Malbec, Cabernet Sauvignon e Merlot de Mendoza, Argentina).
O vinho que melhor combinou com a comida foi o que menos gostei na degustacão prévia, o Quinta do Crasto Touriga Nacional. Achei o vinho frutado demais, com muita cara de Novo Mundo, mas foi justamente esta fruta exuberante que fez do vinho bom parceiro com os sabores fortes do pequi e da jabuticaba.
Longe da comida, elegi como melhor o Mitolo, em especial após certo tempo no copo, quando o vinho ganhou complexidade e se tornou mais elegante.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Portugal: Douro, Alentejo, Dão, Bairrada...

Qual região portuguesa produz os melhores vinhos?
A resposta depende muito do estilo de tintos que cada um prefere: intensos, encorpados, quentes, austeros, elegantes, modernos, tradicionais...

Em geral, gosto bastante dos vinhos portugueses, mas acho que boa parte deles se modernizou demais, isto é, no sentido negativo da palavra, tornando-se muito intensos, extraídos, alcoólicos, pesados. Mais do que no Alentejo, os vinhos do Douro trazem estas características, e, embora os críticos de vinho afirmem e reafirmem as maravilhas dos chamados Douros modernos, tenho várias objeções ao estilo hoje me voga (embora também goste de diversos rótulos da região).

A questão é que o vinho só tem sentido, na grande maioria das vezes, acompanhando e melhorando a comida. Nada melhor do que um vinho que faz “boa figura” com um prato saboroso. Mas é aí que estes vinhos modernos, do novo mundo, e, cada vez mais, também do velho mundo, mostram problemas. São demasiadamente “over”, se tornam enjoativos, mesmo com pratos mais substanciosos.

Em minha recente viagem para Portugal tomei vinhos de varias regiões - Douro, Alentejo, Dão, Bairrada - e reforcei o que já achava antes: ainda prefiro os tintos do Dão, pois eles são mais austeros, menos efusivos, e quando envelhecidos, se tornam maravilhosos.
Porém, essa não e a opinião da maioria dos conhecedores, daqui ou de lá. Nas cartas dos restaurantes e nas prateleiras das lojas especializadas, os destaques se concentram no Douro e no Alentejo, o que vem causando problemas para as outras regiões vinícolas do País, que, mesmo apresentando ótima qualidade, não conseguem conquistar mercado.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O irmão francês do Due Couchi



É uma comparação inevitável. Embora o Le Marais seja um bistrô francês, ele pertence aos mesmos donos do Due Couchi, o italiano mais badalado de Sao Paulo há alguns anos, onde a comida é muito boa e o preço, honesto.
O Le Marais é a incursão da dupla Paulo Barroso de Barros e Ida Maria Frank no universo da comida francesa, que, aliás, era a inspiracao do antigo Marias, restaurante que Ida tinha onde hoje é o Due Couchi e que era apenas regular. Lembro de uma degustacao que fizemos no local, uns seis anos atrás. A comida era regular, mas o serviço, deixava a desejar.
Voltando ao Le Marais, a casa segue o esquema do Due Couchi. Almoco executivo com bom custo/benefício (em se tratando de SP, onde tudo é muito caro) e jantar à la carte. Mas infelizmente o resultado não é o mesmo, comecando pelo couvert - uma enorme baguete sem gosto colocada em minúsculo prato, acompahanda por manteiga, pasta de azeitonas e caponata. Situação constrangedora, pois a baguete espalha migalhas por todo lado, fazendo uma grande sujeira. Ainda no couvert, pedi ao garcom azeite para acompamhar o pão e tive que repetir o pedido para ser atendido, situação recorrente várias vezes durante o almoço - ao pedir uma nova taca de vinho, um novo pão e até o cardapio da noite, por exemplo.
Fui em uma quinta, quando o executivo tinha salada verde com magret de canard defumado (excelente) e blanquete de namorado com batatas (bom).
O Le Marais ja é um sucesso de público, mas está um nível abaixo do Due Couchi. Não apenas pelo servico (embora o Due Couchi não seja nenhuma maravilha nisso), mas sim pela comida. Acho o Due mais solto, mais natural, enfim, muito melhor no que entrega ao cliente, a comida.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Portugal: Eleven (uma estrela no Michelin)




Durante minha breve estada em Portugal, fui conhecer o Eleven, único restaurante da capital portuguesa estrelado no Guide Michelin. Com uma estrela no famoso guia, o Eleven é comandado pelo chef alemão Joachim Koerper e fica do Parque Eduado VII, em uma bela área de Lisboa.

Eu havia completado 40 anos dias antes, além de 14 anos de casado. Para começar, acompanhando o couvert com pães variados (branco, de azeitonas, de tomate e de sementes), azeite e manteiga, eu e minha mulher pedimos duas taças de Moet & Chandon. Complementando o couvert, os chamados “presentes do chef”: bocatto de polvo, folhado de vitela, creme de aspargos e tartar de atum. Todos estavam ótimos e foram muito bem acompanhados pela champagne.

De entrada, dividimos um excelente Vitello Tonatto, tradicional prato italiano que combina fatias finas de carne de vitela com creme de atum. Ente os pratos principais, minha mulher escolheu Duo de leitão (barriga e carré) sobre purê de abóbora. Estava muito saboroso, embora a barriga de leitão ficasse melhor um pouco mais cozida. Eu pedi Pato trançado, um prato de combina coxa e magret de pato com bucatini. Excelente.

No Eleven tudo é caro, inclusive os vinhos, que contam com uma carta muito boa e com poucas opção de tintos e brancos em copo. E, mais uma vez, vinhos em copo na temperatura errada, no caso, tintos quentes.

O Eleven é, sem dúvida alguma, um lugar para se conhecer em Lisboa. Se vale o que custa, é outra história. Eu acho que não, mas recomendo.

http://www.elevenrestaurante.com/

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Ville du Vin



A Ville Du Vin, rede de lojas de vinho, é um “case” que merece destaque no setor, por trabalhar de forma correta o produto “vinho”. A rede nasceu a partir de uma franquia da Expand em Alphaville (São Paulo), que em boa hora pulou do barco para se tornar uma loja multimarcas com o conceito de praticar os mesmos preços das importadoras. No início, se não me engano, eram três lojas. Hoje são seis, sendo cinco na Grande São Paulo e uma no interior. Algumas delas contam com simpáticos bristôs, onde o cliente pode tomar um vinho com o mesmo preço da loja.
Eu já tinha visitado duas lojas da Ville du Vin algum tempo atrás e voltei recentemente na unidade-mãe, em Alphaville, para jantar com minha mulher. Além da enorme variedade de vinhos da grande maioria das importadoras e com preço idêntico, o bistrot é muito bom, com surpreendente qualidade na comida. Minha mulher comeu risoto de camarão e lagostin. Eu fui de risoto de canard. Ambos estavam muito bons. Para acompanhar, tomei o argentino Luca Laborde Double Select Syrah 2007 (a garrafa custa R$ 99,00), um vinho muito bom, embora ainda fechado e tânico.

Portugal: loja de vinhos em Lisboa

Lisboa tem centenas de lojas especializadas em vinho, mas uma merece destaque, embora fique localizada fora do circuito tradicional da Baixa-Chiado-Restauradores etc. É a Coisas do Arco do Vinho (www.coisasdoarcodovinho.pt) e fica perto da Torre de Belém e do Mosteiro dos Jerônimos, no Centro Cultutal de Belém.
Comandado por dois socios, entre eles o simpático José Oliveira Azevedo (que adora o Brasil e todo ano vem para cá), a loja oferece tintos e brancos de todas regiões vinícolas portuguesas, além de produtos goumert, como azeites, molhos, biscoitos... Para quem comprar várias garrafas, uma boa dica é a caixa especial para transporte, que eles vendem por 10 euros e que pode ser despachada na bagagem do avião. Eu testei e aprovei, pois minhas 12 garrafas chegaram ao Brasil intactas.

domingo, 9 de agosto de 2009

In Vino Amici

Paro meu saboroso relato de alguns dias em Portugal para comentar sobre um restaurante (?) que visitei dias dessas. Li em um jornal ou revisa sobre a abertura recente de um tal de In Vino Amici, na rua Pais de Araújo, Itaim. O local teria, além de boa carta de vinhos, boa comida, tapas, entradas etc. Como, além de vinho, gosto muito de boa comida, fui conferir. Um verdadeiro horror!!!!!!

A grande verdade é que, como diz um amigo meu que é dono de um ótimo restaurante, aqui em São Paulo basta uma pessoa fazer um curso de gastronomia para se considerar um chef. O cara manda bordar o nome no uniforme, anuncia sua “experiência internacional”, sua especialidade (geralmente cozinha moderninha). Aí abre um local, sai desfilando pelo salão, mas serve uma porcaria de comida. Há vários por aí.

Logo que cheguei no In Vino Amici fiquei com a pulga atrás da orelha quando perguntei ao garçom se tinha lugar dentro do estabelecimento (no terraço batia um sol quentíssimo) e ele secamente disse não, e mais nada. Mas tudo bem. Aguardei uma vaga lá dentro, e, quando consegui, escolhi “Filet Mignon cortado na faca com molho, arroz branco e batatas rústicas”. Para acompanhar o couvert (boa foccacia e manteiga), pedi uma taça de Terra Andina Sauvignon Blanc. Após alguns minutos onde o garçom e uma moça batiam cabeça para atender 10, 12 pessoas, veio o vinho (Estava gelando, percebi. Mas como? A casa não tem foco em vinho? Ele não fica previamente gelado?) e o couvert. Algum tempo depois, chegou o tal filet, que na realidade devia ser coxão-duro ou algo parecido (patinho?), jamais filet mignon. Logo que colocou o prato, a moça tirou meu couvert, que ainda estava pela metade. Bem. O tal filet cortado na faca era um estrogonoff meia-boca (porém sem tomate), muito duro, no ponto de pedra. Reclamei, do filet e do couvert. E ainda pedi uma taça de vinho tinto: Terra Andina Cabernet Sauvignon. A moça levou o prato na cozinha e voltou com uma "tranquilizadora" mensagem: “O chef pede desculpas. Ele vai colocar a carne para cozinhar um pouco mais para ficar mais macia”. Eu ouvi e imaginei o que vinha pela frente. Dez minutos depois, chega a taça de vinho tinto (nem imagino o motivo da demora) e a pequena panela com o “filet cortado na faca”, ainda duro, ainda horrível, mal feito, um horror. Eu teria vergonha de cobrar 25 reais por um prato de péssima qualidade como aquele e ainda colocar no cardápio que é filet mignon. Lamentável.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Portugal: vinhos em restaurantes e destaque para O Jacinto


Já comentei aqui, tempos atrás, que a qualidade do serviço de vinhos nos restaurantes do Brasil (falo dos grandes centros, é lógico) é muito melhor do que nos restaurantes top de Buenos Aires ou Santiago do Chile, por exemplo.

Esta constatação vale também para Portugal. Em geral, o serviço de vinho nos restaurantes deixa muito a desejar: cartas confusas, inexistência de sommelier, temperatura errada (tintos quentes), pouca oferta de vinhos em taça etc. Claro que há exceções, como o Eleven e o Tasca da Esquina, por exemplo (comentarei sobre eles em breve).

Neste cenário, uma boa surpresa foi o restaurante O Jacinto, que aparece no ranking da revista portuguesa Wine – Essência do Vinho (à venda também no Brasil) como um dos melhors do País neste quesito. A casa oferece em taça todos, absolutamente todos, os rótulos de sua enorme carta, por 1/5 do preço da garrafa. Isso significa que você pode tomar – se tiver bolso para suportar - uma taça de Barca Velha, de Pêra Manca, de Xisto, de Cryseia, de Quinta do Vale do Meão etc.

Eu, como simples mortal, escolhi rótulos bons, porém sem tanta tama: Poeira Douro 2005 (belo vinho, embora ainda fechado e tânico) e Quinta dos Carvalhais Dão 2000 (excelente, pronto. Um Dão que lembra um Borgonha). Ah, para bebericar, antes dos pratos principais, escolhi o Alvarinho Deu La Deu, para mim o melhor custo/benefício entre os alvarinhos do mercado.

Já ia me esquecendo da comida: Ovos mexidos com farinheira, queijo Serra da Estrela com pão,
Polvo à lagareira e Arroz de Coelho. Todo muito bom.
Outro bom local para tomar vinho é o Aromas & Sabores Wine Bar, um local muito simpático onde funciona uma loja de vinhos, uma charcutaria e um bar de vinhos. Além do ótimo serviço e da ampla carta de vinhos - com várias opções com copo -, a comida da casa é boa.
O Jacinto
Aromas & Sabores Wine Bar
Rua Tomás de Anunciação 44 - Campo de Ourique, Lisboa

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Portugal: D. Tonho e Porto Ferreira







Saindo de Lisboa, uma boa opção para uma viagem rápida e tranquila até o Norte de Portugal é o trem, ou, como eles dizem, comboio. Pegamos o comboio Alfa Pendular (http://www.cp.pt/) em direção à cidade do Porto, e, menos de três horas depois, estávamos passeando pelo centro histórico da cidade e pelo Cais da Ribeira, entre o Porto e Vila Nova de Gaia, separados pelo rio Douro. Antes de visitar a cave da Ferreira, fomos almoçar no restaurante Dom Tonho (www.dtonho.com), um dos mais famosos da cidade, recomendado por dez entre dez guias.

Esperava muito mais do local, em especial pelos preços altos praticados. De entrada, eu e minha esposa, saboreamos um coelho à vinagrete, que estava muito bom. Meu prato principal foi Arroz de Pato, que não gostei (pesado pelo excesso de queijo colocado para gratinar, muito seco em seu interior). Já minha mulher comeu Bacalhau à Zé do Pipo, ótimo. A carta de vinhos é bem ampla e cara, com apenas uma opção em copo.

Após o almoço, visitamos a centenário cave da Ferreira, mas confesso que acho chato e cansativo estas visitas “para encantar turista”, sempre com a mesma conversinha, detalhes pitorescos etc. Vale a pena para conhecer a arquitetura histórica do local, e, claro, passar ao final na loja da casa para comprar vinhos por 1/3 do valor que encontramos aqui no Brasil.


quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Portugal: cervejarias em Lisboa

Antes de embarcar para Portugal procurei, na internet e em publicações especializadas, dicas de restaurantes para visitar, principalmente em Lisboa. São dezenas, o que demandaria muito mais tempo do que eu tinha por lá. Além dos restaurantes, li ótimas referências sobre duas cervejarias locais: Portugália e Ramiro.

A primeira é uma rede, com várias unidades na cidade. Bem tradicional, inclusive no atendimento, sem a simpatia e a atenção que nós, brasileiros, gostamos e nos acostumamos nos grandes centros, como em São Paulo (Faço um parênteses aqui para comentar sobre a grande diferença no nível de serviço entre os restaurantes bons daqui e de lá. Isso vale para tudo: quantidade de garçons no salão - lá são poucos -, cortesia, disponibilização de sommelier, agilidade etc. Realmente estamos mal acostumados). No cardápio aparecem gambas, mariscos, polvo, bacalhau, pregos, filés, omeletes, queijos e presunto de porco preto. Tudo bem feito, com muito sabor. Para beber, uma boa cerveja local. Ótima qualidade. (http://www.portugalia.pt/)

Outra cervejaria famosa é a Ramiro (www.cervejariaramiro.pt), especializada em frutos do mar. Lugar também muito simples e pequeno, mas com atendimento mais simpático e bem ágil. Vale a pena pedir cada um dos itens do cardápio, como o presunto pata negra, a Gambá Tigre gigante (camarão), os logostins, a Sapateira (caranguejo gigante) etc. Embora tenha uma razoável carta de vinhos, vale à pena ficar na imperial (chopp) Sagres.
São dois bons locais para conhecer.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Portugal: Fialho em Évora

Évora transpira história com seu centro murado, seus mais de dois mil anos de história e sua arquitetura peculiar que reflete a cultura dos vários povos que tiveram controle sobre a cidade. Mas antes de conhecer detalhes do belo local, fui almoçar no Fialho, uma instituição local, freqüentado pela sociedade Alentejana e por turistas “bons de garfo” do mundo todo. É uma casa pequena, aconchegante e histórica, com boa comida.

Encarei um dos pratos tradicionais do Alentejo, um bem feito Borrego (Cordeiro) Assado no Forno com Batatas, precedido de uma maravilhosa empada de galinha. Para acompanhar, meia garrafa de um tinto regional, não me lembro qual. De sobremesa, Queijadas de Évora (a nossa queinadinha, mas muito melhor, sem coco) e Encharcada de Mourão (o nosso Fios de Ovos, porém mais úmido).

Pena que minha estada lá foi rápida e não consegui experimentar outros pratos da ementa (cardápio), como Lombinhos de Javali, Perdiz à Convento da Cartuxa e Arroz de Pombo.

Portugal: Visitando a Quinta da Bacalhôa


Estive ausente do blog devido a uma recente viagem para Portugal. Uma de minhas paradas lá foi na Quinta da Bacalhôa, no Azeitão (30 a 40 minutos de Lisboa), onde é produzido o vinho homônimo e o Palácio da Bacalhôa, entre outros. A vinícola pertence ao megaempresário Joe Berardo, que, ao que parece, está comprando tudo por lá. A última aquisição foi a ótimo Quinta do Carmo, no Alentejo, antes controlada pelos Rothschild, donos do Château Lafite.

Meu interesse em conhecer a propriedade foi motivado por uma degustação da qual participei em 2000, em um evento da Expand, com a presença do enólogo da casa. Na oportunidade, degustamos safras bem antigas do Quinta da Bacalhôa, o primeiro Cabernet Sauvignon produzido em Portugal. Todas estavam boas, inclusive a primeira safra, 1979. De lá para cá fui, pouco a pouco, formando uma vertical do rótulo em minha adega, de 2000 em diante (e também do Palácio da Bacalhôa). Embora o Quinta da Bacalhôa não seja um vinho festejado entre os tantos portugueses que fazem sucesso, eu gosto bastante. Acho que, embora seja produzido com a onipresente Cabernet Sauvignon, ele tem um estilo inconfundivelmente português.

O local é muito bonito, histórico e tem em seu interior uma ínfima parte da coleção de obras de arte Joe Berardo, que é considerado o maior colecionador de arte de Portugal. Foi uma visita protocolar, estilo turista mesmo. E no final comprei alguns rótulos das empresas do grupo. Saí de lá atrasado para almoçar em Évora, no Alentejo, distante cerca de 1 hora do Azeitão.

sábado, 11 de julho de 2009

Comparando safras do Palazzo Della Torre


Outro dia levei para um jantar com amigos uma garrafa magnum do Palazzo Della Torre, safra 2001. Gosto muito deste vinho da região de Veronese, na Itália, pois vai muito bem com os pratos italianos, seja uma boa pasta ou uma carne.


Embora tenha em minha adega uma pequena vertical do Palazzo, nunca tinha comparado duas safras do vinho. Fiz isso no restaurante, pedindo uma garrafa da safra 2006.


É impressionante a diferença de estilos entre as safras. Mesmo que alavancado pelo envelhecimento, o 2001 é muito mais gastronômico, elegante, italiano mesmo, enquanto o 2006, apesar de ter boa qualidade, está muito com a cara do novo mundo, cheio de fruta e madeira. Talvez melhore com a idade.


Veuve Cliquot La Grande Dame 1989




Finalmente abri e bebi, ao lado de amigos, a Veuve Cliquot La Grande Dame 1989 que repousava em minha adega há dez anos. Foi difícil segurar por todo este tempo a vontade de desarrolhar um exemplar tão especial, mas valeu a pena aguardar uma data especial.A champagne estava ainda muito viva, embora bem evoluída. Muito fina e elegante, com notas de castanhas, pão torrado. Um clássico.
Pena que não tenho outra garrafa para guardar mais um pouco.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Terranoble Lahuen 2006


Fui almoçar nessa quarta-feira com o Otávio, um amigo bom de garfo e de copo, no Varanda Grill. Além das carnes sensacionais de sempre, tomamos um vinho chileno, recomendado pelo sommelier da casa Tiago Locatelli , que me impressionou. Muito.

Foi o Terranoble Lahuen 2006, um corte de Carmenère e Cabernet Sauvignon da região de Maule. Amadurecido 12 meses em carvalho francês, é um belo exemplar dos vinhos de alta qualidade do Chile, sem aquele preço absurdo que vemos por aí. Intenso, potente, macio. Muito longo. Perfeito com carnes mais gordurosas.
Ponto para o Tiago, que acertou em cheio na indicação.

É importado pela Decanter e custa R$ 115,00. No Varanda está R$ 111,00.

Recomendo!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Queda

É visível os problemas enfrentados pela Expand. Infelizmente, pois ela teve papel fundamental na formação do mercado brasileiro de vinhos e em sua disseminação.

Sem entrar no mérito dos motivos e das simpatias e antipatias que sempre caracterizam este tipo de comentário, estamos presenciando nos últimos tempos uma debandada de produtores que permaneceram lá por muitos anos: Gaja, Biondi Santi, Allegrini, Batasiolo, Zuccardi, Dão Sul... Isso já se percebe nas lojas, onde, ao mesmo tempo em que desaparecem rótulos, surgem outros ainda desconhecidos aqui. Algumas deles procuram alternativas, como é o caso da loja do Shopping Iguatemi (apresentada à época de sua inauguração como um novo modelo para as unidades da rede etc.), que vem, já há algumas semanas, oferecendo rótulos da World Wine, como Finca Flichman, Vinã San Pedro, Odfjell, Feudi di San Gregorio, Maison Sichel, entre outros.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Um francês que parece espanhol


Tomei, algumas semanas atrás, o Côtes Du Jura Cuvée Tradicion 1996 Baud Père & Fils, vinho que comprei o vinho em 2007, após um saboroso texto do cantor e enófilo Ed Motta no blog que ele tinha no portal de Veja. Na época, quem trazia os rótulos do produtor era a importadora Club du Taste Vin (que não tem mais aqui em SP), mas agora acho que é a boa Le Tire-Bouchon quem traz (http://www.letirebouchon.com.br/).

É um vinho muito diferente, um francês que parece um Jerez, mas adorei e rocomendo. Produzido por meio de um sistema parecido com o soleira, a partir da casta Savarin e de pouco coisa de Chardonnay, é extremamente seco, com visual dourado, aromas de amêndoas, castanhas. Untuoso. Um vinho de meditação, para quem já passou da fase dos vinhos fáceis do Novo Mundo.

sábado, 6 de junho de 2009

Velho Mundo, velhos tempos


Quando mais bebo vinhos do Novo Mundo, mas prefiro os do Velho Mundo. E não estou falando apenas dos grandes bordeaux e borgonha, dos barolos e barbarescos, rioja e ribeira del duero, entre outros. Estou falando de vinhos menus famosos e badalados.

Semana passada abri um bordeuax genérico em casa, o Chateau Cordet 2001, de Margaux. Comprei algumas garrafas dele no freeshop há alguns anos. Não foi barato (U$ 49), mas valeu cada gota. Estava excelente, muito elegante, redondo, um autêntico Bordeuax dos velhos tempos, quando os produdores locais ainda não moldavam suas vinhos para agradar Robert Parker e companhia.

Dois italianos

Visitei recentemente duas casas de comida italiana abertas há pouco tempo em São Paulo.

A primeira foi o Zucco, que fica a Haddock Lobo e vem sendo muito comentado ultimamente.
Ambiente moderninho, com música ambiente, TVs LCD sintonizadas na Fashion TV, garçons jovens, decoração muito bonita. Não é o tipo de lugar que me atrai, mas vamos ao que interessa: a comida e a bebida.
O couvert deixou a desejar. Pães frios, ciabatta pesadão, grissini sem tempero e corniccione muito temperado. Ponto para a foccacia macia e saborosa e para a pasta de de atum, muito suave. Fui de menu executivo e entre as opções escolhi salada rústica com salmão marinado e Pescada com legumes. Ambos bons, bem feitos. Na sobrenesa, uma saborosa torta de queijo com calda de frutas vermelhas. A carta de vinhos é ampla, muito variada e com preços altos (raros rótulos por menos de R$ 80,00).
Resumo da ópera: boa comida, bom ambiente, para quem quer ver e ser visto. Não é o meu caso.

A outra visita não foi tão feliz. Após ler diversas notas sobre a boa relação qualidade/preço da casa, fui com minha mulher e meus filhos ao Carino's, que fica na rua Joaquim Floriano, Itaim. O ambiente é simples, parece uma lanchonete de bairro. Mas isso não é o problema. O atendimento é horroroso, combinando desleixo, antipatia e desatenção. A atentende, em vez de se concentrar nas DUAS mesas ocupadas na casa, ficou batendo-papo com outros funcionários no bar e pareceu se incomodar, quando chamada. A comida, que não é barata, seguiu na mesma linha. Pedi um Polpetone com Penne à Bolonhesa. Massa fora do ponto (papa), molho pesado, doce, ruim.
Saí de lá com a certeza de ter jogado fora R$ 180,00.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Boa idéia: loja de vinhos nacionais

Após ler uma nota no caderno Paladar do Estadão na semana passada sobre a loja especializada em vinhos brasileiros AOC Vinhos do Brasil, achei a idéia muito boa, tanto pela grande evolução dos vinhos nacionais nos últimos anos quanto pela dificuldade que nós, consumidores, temos de encontrar aqueles rótulos sobre os quais muitas vezes lemos referências positivas.
Fui conferir a loja e indico para quem tem interesse em conhecer melhor alguns pequenos produtores locais. Comprei alguns rótulos para experimentar e em breve coloco aqui minha opinião.
A AOC Vinhos do Brasil fica na rua Atílio Innocenti, 970, Vila Olímpia, São Paulo. Fone: (11) 3044-1697. O site http://www.aocvinhosdobrasil.com.br/ ainda é básico, mas eles prometem novidades em breve.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Café por R$ 8,00


O restaurante Canto é o mais antigo da Granja Viana e mantém bom nível de qualidade. Já fui diversas vezes, a comida é correta, o cardápio bem variado (de lula à dore até goulash de vitela), o couvert é um exagero (em quantidade, variedade e preço) e a carta de vinhos é um verdadeiro absurdo, com margens entre 150% a 200% sobre os preços praticados nas importadoras (no Canto um vinho de 30 reais custa 80 reais). Devido a esses "probleminhas", quando vou, geralmente levo vinho (R$ 30,00 a rolha) e dispenso o couvert.
Na última sexta, eu, minha esposa e meu filho pequeno fomos no Canto, mas não queriamos jantar. Assim, optamos por não consumir o couvert e ficar apenas nas boas porções da casa, seguidas de uma sobremesa e dois cafés. Ok, tudo certo.
Quando recebi a conta, vi, espantado, o item "Café Rest." a R$ 8,00 cada um. Isso mesmo, R$ 8,00 por um cafe com petit fours.
Chamei o garçom e perguntei o que era aquilo. A resposta foi: "É o preço do café para quem não pede o couvert". Paguei, certo de ter consumido o café mais caro de minha vida. Lógico que não terei novamente esta experiência no Canto, pois não gosto que ninguém "bata a minha carteira" de forma tao acintosa.
É dificil conquistar um cliente, mas é muito fácil perdê-lo.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Wish Report OnLine: Noites de acertos


Veja no link a seguir matéria publicada no site da revista Wish Report sobre recente degustação de cordeiros da Nova Zelândia com tintos sul-americanos: http://wishreport.ig.com.br/?p=20876

O ponto


Acho que frequento bastante - mais do que devo e menos do que quero - restaurantes. Isso devido ao meu trabalho cotidiano e tambem porque adoro, sou um glutão assumido.
Recentemente citei aqui o restaurante Franciacorta, onde um medalhão foi servido fora do ponto pedido. Nessa semana passei por experiência parecida no Limonn, restaurante que fica na Manoel Guedes, Itaim. Novamente pedi um medalhão (prato do dia) ao ponto, mas um dos dois da porção veio bem passado. Reclamei e o maitre retirou o pedaço reprovado e solititou outro. Dez minutos depois chegou o novo medalhão a mesa, dessa vez mal passado.
Fiquei me perguntando: Será que esse pessoal tem algum problema com o coitado do medalhão? Será que e tao difícil fazer um medalhão ao ponto?
Acho que sim, ao menos pelas últimas experiências.
Ah, já ia esquecendo. O Limon é um local legal. Muito bonito e agradável. Vá, mas não peça o medalhão!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Bacalhau: tinto ou branco?


Sempre que como Bacalhau a questao do titulo dessa nota surge. Pois não foi diferente dias atras, quando em um restaurante italiano pedi um otimo Penne ao ragu de Bacalhau, que na casa é servido com tomates concasse, azeitonas pretas e brócolis.
Como estava frio, optei por um tinto servido em taça na casa, o Argiolas Connonou di Sardegna Costera 2005. Um bom vinho, que foi muito bem com a entrada, um prato de bresaola servido com folhas de rúcula.
Quando chegou o penne decidi fazer uma mini-prova de harmização e pedi uma taça do Catena Chardonnay 2006. Foi um exercício interessante, já que a cada garfada no penne com bacalhau experimentava um vinho.
Os dois se sairam bem, embora particularmente eu tenha preferido o Chardonnay. A madeira (em excesso) do Catena Chardonnay não casa com um peixe mais delicado, mas ficou perfeita com a estrutura e o sabor marcante do Bacalhau.
Embora eu esteja em uma fase mais "vinho branco" (talvez por conta dos hábitos alimentares, já que como peixe praticamente todos os dias), realmente acho que o Bacalhau, em geral, pede mais um branco encorpado - como Chardonnays e espanhoís barricados, por exemplo - do que um tinto.

Fui e não gostei

Fui conhecer o Franciacorta, novo restaurante do chef-empresario Sérgio Arno. A casa é uma incursao do chef pela cozinha francesa de bistrô.
Ambiente bonito, charmoso, mas atendimento variando entre o antipático e o desatento. A comida é nota 5. Pedi medalhoes de filet mignon com risoto de açafrão (isso é comida francesa????), frizando para o garcom que os queria ao ponto. Pois bem: um filet veio mal passado e o outro bem passado.
Não pretendo voltar. Prefiro a casa clássica do chef, o La Vecchia Cucina, onde a chance de erro e muito, mas muito menor.

Registro histórico


Todos devem ter visto na capa da Folha de S. Paulo de terça (19/05) os presidentes dos conselhos da Sadia e da Perdigao jantando no restaurtane/churrascaria Varanda poucas horas antes do anuncio oficial da fusao entre as empresas.
Muita gente deve ter se perguntado: Mas como a Folha conseguiu isso?
Eu expico: Estavamos no Varanda na segunda a noite para uma degustacao de tintos sul-americanos com cortes de cordeiro. Entre os presentes estavam alguns jornalistas, como meu amigo Guilherme Barros, editor do Mercado Aberto da Folha de S. Paulo.
Pois não é que Nildemar Secches e Luiz Fernando Furlan chagaram ao local para jantar?
Foi inevitavel que alguns dos presentes abordassem os executivos e o Guilherme Barros teve a grande sacada de chamar um fotografo para registrar o momento historico.

Palmas, muitas palmas para ele!

domingo, 10 de maio de 2009

Rívolo IGT 2004


Estive na sexta à noite jantando com minha mulher no Magistrale, belo restaurante italiano comandado pelo Sylvio Lazzarini, dono também do Varanda. O Magistrale é um ótimo local para pareceiar receitas italianas à base de pescados. Para acompanhar os vários pratos que provamos - tartare de atum, spaghetti com bottarga, frutos do mar ao forno... - escolhi o branco Rívolo Sauvignon Blanc IGT 2004, um supertoscano produzido por Jacobo Biondi Santi.

Um belo branco, um Sauvignon bem diferente, com um dourado intenso maravilhoso, grande complexidade aromática, notas de mel, damascos secos. Longo, complexo, muito bom.

É importado pela Mistral e custo em torno de U$ 60. Um vinho caro, para ocasições especiais

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Que tal robalo com um malbecão?


Estive em Salvador no feriado de 1º de maio e pude comprovar a grande evolução dos restaurantes da cidade. Estive em vários, como Mistura (peixes e frutos do mar com acento italiano), Trapiche Adelaide (divisor de águas na cidade, já com 11 anos de atividades) e Amado (aberto há três anos por Edinho Engel, do Manacá de Camburi, e hoje considerado o melhor restaurante de Salvador). Todos são excelentes, com um visual de cair o queixo, serviço de qualidade, boa comida, mas muito caros, com preços no mesmo patamar de São Paulo.

Com a evolução dos restaurantes de Salvador veio também o maior interesse por vinhos, que fica claro nas cartas bem montadas (embora ainda com poucas opções de rótulos servidos em taça), copos adequadas, adegas climatizadas etc.

Em todos esses restaurantes que citei a base dos pratos está no mar, como peixes, camaraões, polvos, lulas e mexilhões frescos e ótimos. Sempre com vinho branco, certo?

Errado! Perguntei para os sommeliers e maitres das três casas como são as vendas de brancos e tintos por lá. Por incrível que pareça, os tintos representam metade ou mais dos vinhos vendidos nas casas. E não são tintos leves, como um Borgonha ou um Gamay, são tintos "porrada", como Malbecs e até Barolos.

Fiquei me perguntando como é possível saborear uma casquinha de siri, um prato de camarões ou um robalo, acompanhado de um Malbec argentino. Não, acho que não é possível. O malbecão trucida o peixe.

Mas é o que acontece não só em Salvador, mas em todo o Brasil. Já cansei de ver a mesma cena em restaurantes especializados em peixes e frutos do mar daqui de São Paulo, o que demonstra mais uma vez que, infelizmente, o brasileiro ainda não descobriu a leveza, delicadeza e complexidade dos brancos.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Lula e Alvarinho: par perfeito para os dias quentes


Apesar de o outono ter começado e os dias já estarem um pouco mais frios, ainda temos aqueles típicos dias de verão, com muito sol, alguma chuva e....vinhos brancos com frutos do mar.

Gosto de camarão, mas alguns anos atrás descobri que sou alérgico (infelizmente), por isso hoje raramente experimento. Minha saída foi migrar para outras maravilhas, como vieira, polvo e lula. Adoro lula (o molusco, que fique bem entendido) e em um dia de calor, nada melhor do que lula à dore com vinho branco.

Tenho uma receita que faz sucesso em casa, pois fica sequinha e muito saborosa. Compro a lula (congelada ou fresca), lavo bem e a seco com toalha de pano. Enquanto isso, pego um saco plástico de cozinha e coloco farinha de trigo, temperando a farinha com sal e pimenta do reino branca. Quando as lulas estiverem secas, jogo-as dentro do saco e chacoalho bem. Depois, despeso seu conteúdo em uma peneira, retirando o excesso de farinha.

Com o ólheo (canola ou milho) bem quente em uma panela tipo Wok, frito as lulas, deixando-as douradas. Depois é só pingar um pouco de limão e servir. Experimente que vale à pena.


Voltando aos vinhos. Para acompnahr as lulas já experimentei de tudo - chardonnays não barricados, sauvignon blanc, pinot grigio etc. Sendo um vinho leve, em geral vai bem. Mas o campeão é o Alvarinho português, um dos vinhos mais refrescantes e alegres que existem. O Alvarinho Deu la Deu é espetacular e apesar de ter encarecido muito (hoje custa cerca de R$ 60,00 e até dois anos atrás saia por R$ 35,00. P.S.: Em Portugal custa 7 euros), continua sendo meu preferido. Recomendo.


Já estou torcendo para esquentar novamente!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Vinhos para festas


Sempre que faço uma festa em casa (seja ela grande ou pequena), me deparo com a dúvida sobre qual vinho servir, branco e tinto, tendo em vista a quantidade de pessoas, a comida etc.

Parece óbvio que não dá para "colocar na roda" nestas ocasiões vinhos mais caros, tanto pelo custo que isto representa quanto pelo nível médio de conhecimento sobre vinhos dos convidados. Assim, se servir um vinho na faixa de R$ 50,00, por exemplo, está fora de cogitação, imagina um vinho mais caro, como um Bordeaux (mesmo genérico) etc.

Na ala dos brancos, costumo partir para exemplares do Chile ou da Argentina, que em geral apresentam boa relação qualidade/custo. Um Alamos Chardonnay, por exemplo. Nos tintos temos vários chilenos e argentinos também, além de alguns espanhóis e portugueses. Aqui pode ser Cabernet, Malbec, Tempranillo etc. Em geral, é possível achar coisas boas na faixa de R$ 30,00, R$ 35,00.

Nos últimos tempos conheci dois rótulos brasilerios que vão muito bem, na média, com as festas. São bons e muito baratos. O branco é o Fortaleza do Seival Pinot Grigio, produzido pela Miolo na fronteira do Brasil com o Uruguay (http://www.miolo.com.br/). Um vinho leve, aromático, alegre. Ótimo para iniciar uma festa. Custa entre R$ 15,00 e R$ 20,00.

Já o tinto é o imbatível Panizzon Reserva Merlot, da pequena vinícola Panizzon, que fica na Serra Gaúcha (http://www.panizzon.com.br/). Custa inacreditáveis R$ 11,00 em média. É um vinho honesto, bem feito, leve, que vai bem com vários pratos, como massas, carnes mais leves e até um churrasco, se você não for muito xiita.