domingo, 25 de abril de 2010

Má Partilha 1999

A idéia era fazer uma palheta de leitão ao forno e acompanhar o prato com algum tinto português, mas meu plano foi por água abaixo quando descongelei a carne (comprada em janeiro no supermercado Saint Marché) e perdebi que ela estava estragada. Uma pena e um absurdo!

A saída foi improvisar, mas confesso que foi um belo improviso. Peguei uma porção de galinha d'angola desfiada e imersa em seu próprio molho que tinha no freezer e preparei uma versão do tradicional arroz de pato português - com linguiça portuguesa, ervilhas, salsinha etc. -, mas usando a galinha e seu delicioso molho no lugar. Ficou ótimo.

Para acompanhar, tomei coragem e abri um Má Partilha 1999, merlot português (acho que o primeiro feito com esta casta no país) produzido no Azeitão pela então JP Vinhos (hoje Bacalhôa). Sempre gostei do Má Partilha, por ser um incomum merlot "made in portugal" e por sua elegância e sedosidade. A garrafa da safra 1999, que agora desfalca minha mini vertical do rótulo (ainda tenhos as safras 2000, 2001 e 2005), estava maravilhosa. Evoluída na vista (marrom escuro e vermelho queimado) e no nariz (mentol, terra, aniz, mel...), ainda se mostrava encantador no boca: redondo, doce, sedoso e longo.

Um grande vinho que já deixa saudade, não apenas por sua qualidade, mas também por representar um estilo hoje fora de moda, sem os excessos de álcool (o Má Partilha 199 tinha apenas 12,5% da graduação alcoólica), extração e madeira, tão comuns não apenas o Novo Mundo.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Moqueca

Fiz uma moqueca na semana passada em casa e fiquei com sérias dúvidas sobre que vinho escolher para acompanhar. Minha moqueca levou postas de peixe (garoupa) e camarões médios , com cebola, tomate, pimentão vermelho, coentro, salcinha, leite de coco, pimenta vermelha e sal. Fi preparada rapidamente, como deve ser, em panela de ferro.

Mesmo que eu tenha, no preparo do prato, tirado alguns ingredientes - como azeite de dendê - e limitado bastante o uso de outros - como o coentro, a moqueca é um prato forte, intenso, que requer um vinho branco ao mesmo tempo com boa acidez e certo corpo para acompanhar sua untuosidade.

Após muito pensar acabei escolhendo o Zind 2004, do produtor Zind Humbrecht, um alsaiano que estirpe que estava em minha adega há alguns anos. O rótulo é o mais básico do produtor, mas é muito bom. Uma mescla de chardonnay, auxerrois e pinot blanc, o Zind, com suas notas de mel, toques minerais e elegância, acompanhou muito bem a moqueca.