domingo, 22 de março de 2009

Crozes-Hermitage: Guigal brilha novamente


Sou fã declarado dos vinhos franceses. Não somente dos famosos e caros Bordeaux, Borgonhas e Champagnes, mas também dos rótulos mais simples destas regiões e também dos provenientes da Alsacia, do Rhône, do Languedoc, do Loire, entre outras.

No fim de semana passado aproveitei a providencial queda de alguns graus na temperatura em São Paulo para abrir uma garrafa de um tinto frânces produzido com a Syrah, no caso, um Crozes-Hermitage 2002 do Domaine Guigal. Gosto muito dos vinhos do Rhône, dos profundos e encorpados Chateauneuf du Pape aos complexos Hermitages e dos refinados Côte Rotie, além dos Gigondas, Cornas, Côtes du Rhône...

Os Crozes-Hermitage são, em geral, uma escolha segura, pois são tintos que aliam bom corpo, certa complexidade e elegância, podendo ser bebidos jovens. Têm boa relação qualidade/preço. Porém, fiquei surpreso com a excelente qualidade do exemplar de Guigal, produtor consagrado na região. Um belo vinho da safra 2002, com ótima complexidade, refinado, longo, muito superior aos exemplares de outros produtores da região, como Chapoutier e e Paul Jaboulet Aîné, por exemplo.

Recomendo!

domingo, 15 de março de 2009

Belos tintos americanos


Nosso grupo de degustação realizou, na semana passada, uma noite dedicada aos tintos norte-americanos, harmonizados com belos pratos preparados pelo restaurante/churrascaria Varanda: costelinha suína ao molho barbecue e porter house.

Para não limitar muito o painel e cientes da escassez dos rótulos dos EUA por aqui, preferimos não especificar castas ou cortes. Valia qualquer um, de Pinot Noir à Cabernet Sauvignon. Foi um show de grandes vinhos.

Degustamos 10 rótulos: Cask 23 Estate Stag's Leap 2004 Cabernet Sauvignon, Rubicon Estate Francis Coppola 2002, Dominus Christian Moueix 2000, Cardinale Cabernet Sauvignon 2004, 2480 Cabernet Sauvignon 2005, Dominus Christian Moueix 2001, Domaine Drouhin Laurène Pinot Noir 1996, Beringer Pinot Noir 2004, Harlan Estate The Maiden 2002 e Caymus Single Vineyard 1995. O único exemplar proveniente que outra região que não Napa Valley foi o Pinot Noir de Drouhin, produzido no Oregon.

Foi uma disputa difícil, onde a delicadeza e elegância dos Pinots foi sobrepujada pela força e exuberância das Cabernets e assemblages de Napa. É o que sempre acontece nestas ocasiões.

Meus preferidos foram o Dominus 2001, um grande blend feito por um produtor bordalês e que estava bem melhor que o 2000; e o Cuveé Laurène, excelente Pinot feito por Joseph Drouhin, um dos maiores nome da Borgonha, mais do que no ponto para ser bebido. Não foi uma escolha por acaso, tenho certeza.

domingo, 1 de março de 2009

Brancos

Gosto, cada vez mais, de vinho branco e hoje concordo com os que afirmam que quem não gosta dos brancos não conhece, de fato, vinho. Nada combina mlehor com nosso clima.
O que é muito bom nos brancos é sua versatilidade. Pegue, por exemplo, um Alvarinho português. Combina com aperitivos de piscina, com peixes e frutos do mar, com saladas. Ficando apenas no Velho Mundo temos os leves Muscadets e Sancerres do Loire (França), os Sauvignons Blancs de Bordeaux, os Albarinhos e Viuras da Espanha. E ainda os italinaos de várias regiões, feitos com uvas autoctones ou internacionais, além, é claro, dos refinados Borgonhas.

Aí vão algumas recentes descobertas, ambas portuguesas:

- Alvarinho Auratus 2006, R$ 55,00, Grand Cru
- Duque de Viseu Branco, Sogrape, Dão, R$ 45,00, Zahil

Goiabada

Adoro goiabada. Lembro até hoje quando minha mãe encomendava para meu pai goibada caseira de uma senhora da cidade de Monte Alegre do Sul (interior de SP e ao lado de Amparo, onde nasci). Era cremosa, pura, perfeita. Só de pensar lembro de seu aspecto e até do cheiro. Infelizmente a senhora já faleceu e a goibada perfeita ficou apenas em minha memória.
Mas acho que encontrei algo parecido, direto de Minas Gerais. É a goiabada Querença, que conheci há alguns anos em minhas idas para Belo Horizonte e que recentemente ganhei de presente de um cliente, mineiro, é lógico. Fantástica, cremosa, com gosto de infância. Vem em uma bonita lata.
Não vende em qualquer lugar, não. Até em BH é difícil. Em SP eles tinham, até pouco tempo atrás, um represente, mas chequei no site e parece que não tem mais. Quem quiser tem que encomendar direto deles:

Fazenda Querença, (31) 2773-2538 , www.fazendaquerenca.com.br
Carne

Sempre fui fã da churrascaira/restaurante Varanda. Isto muito antes de conhecer seu proprietário e hoje meu amigo Sylvio Lazzarini. Conheci o local alguns anos atrás, lendo uma artigo do Titã Marcelo Fromer no Estadão, publicado pouco tempo antes de sua trágida morte por atropelamento. Na época, minha mulher me convenceu a conhecer a casa. Confesso que não estava muito entusiasmado, mas me surpreendi e me tornei cliente do que considero hoje a melhor steak house do Brasil.
Além do Varanda o Sylvio também é sócio da Intermezzo, uma distribuidora de carnes de alto nível que abastece dezenas de restaurantes em Saõ Paulo e no Rio de Janeiro, além dos consumidores finais. Lá tem os cortes que comemos no Varanda, como Porter House, Ribeye, Ancho, Bife de Chorizo e até Kobe Beef. E é por causa disso que escrevi essa nota.
No final de semana do Carnaval resolvi comprar alguns cortes especiais de carne na Intermezzo para um churrasco que fiz para um casal de amigos. Levei o Porter House (sem osso) e o Ribeye. Fiz na churrasqueira, apenas com sal grosso moído e acompanhado de salada. Que maravilha! Um sucesso. Meus convidados nunca tinham comido nada igual. "Nunca mais compro picanha em promoção", disse meu divertido amigo.Recomendo. Não é barato (e nem poderia), mas certemente vale cada centavo desta pequena extravagância
18/08/2008

Malbec x Malbec

Sou um crítico dos Malbecs argentinos. Não de todos, é lógico, mas sim daqueles com muita fruta, muita madeira, muito álcool, muito potentes, enfim, enjoativos. Os vinhos “geléia de frutas” que alguns críticos comentam. Acho que o problema está na linha média, e, claro, na básica, já que entre os vinhos mais caros, a maioria realmente tem qualidade.

Mas e os Malbecs franceses da região de Cahors? Já ouvi de tudo sobre eles. Uns falam que são muito superiores aos argentinos, outros dizem que são vinhos rústicos, sem graça...

Nunca tinha experimentado um Malbec da França até a semana passada. E o fiz justamente depois de tomar, um dia antes, um Malbec argentino. São coisas totalmente diferentes e devo dizer que, mais uma vez, sou mais a França.

O argentino foi o Zuccardi Série A Malbec 2006, de Mendoza, que ganhei recentemente. Bebi o vinho acompanhando um churrasco de picanha. É um vinho normal, como dezenas que encontramos por aí entre os rótulos vindos do país vizinho. O tipo de vinho over, onde sobra tudo e falta elegância. Custa R$ 55,00 na Expand.

O francês foi o Château Pineraie 2001, de Cahors, que tomei acompanhando um cordeiro assado com batatas. Embora não seja um grande vinho, mesmo porque seu custo é bem acessível (por volta de R$ 60,00 no Club du Taste Vin), é um vinho correto, com boa acidez e corpo, fruta e madeira na medida certa, elegante.

Foi interessante comparar os Malbecs dos dois países, pois além da pouca oferta de franceses desta cepa por aqui, os Malbecs não têm fama fora da Argentina, embora existem vinhos produzidos com ela em outros países, como o Chle, por exemplo. Seria ótimo repetir a dose, agora de forma mais estruturada, com vinhos da faixa mais alta, colocando frente a frente um top argentino (Catena Zapata Estiba Reservada, Achaval Ferrer Finca Altamira, Val de Flores etc.) contra um Château du Cedre Lê Cèdre (R$ 220,00 na World Wine), por exemplo. Seria uma bela prova!

Escrito por Raul Fagundes Neto às 13h53[ (12) Comentários] [ envie esta mensagem ] [ link ]


15/08/2008

Cordeiro dos deuses com show de Shiraz australianos

A casa de carnes Varanda foi palco na semana passada de uma noite especial. A convite do proprietário da casa Sylvio Lazzarini, eu e um grupo de companheiros fizemos uma dupla degustação: cortes de cordeiro com Shiraz top da Austrália. Foi um show!

Para começar, o Cordeiro. Inquieto e sempre em busca do melhor para sua casa, Lazzarini encontrou e está trazendo para o Varanda, diretamente do Sul do Chile, na chamada Terra Del Fuego, um produto de altíssima qualidade, os cordeiros da marca Simunovic. Degustamos três cortes ótimos: paleta, pernil e costeleta. Posso dizer, com certeza, que foram as melhores carnes de cordeiro que já comi, especialmente a paleta. Sem igual.

Para acompanhar as carnes, fizemos uma degustação de Shiraz australianos. E aí a coisa ficou mais séria ainda. Passaram por nossa mesa Mitolo Reiver 2005, D’Arenberg The Dead Arm 2003, Penfolds RWT 1998, Penfolds Grange 2002 (isso mesmo!!!!) e St. Hallet Faith 2002.

Todos os vinhos eram relativamente jovens e poderiam envelhecer muito bem por vários anos, mas já estavam excelentes. A disputa foi muito equilibrada (na nota dos degustadores, a diferença entre os cinco vinhos foi de 3 a 4 pontos, no máximo), mas o Grange e The Dead Arm estavam imbatíveis.
Escrito por Raul Fagundes Neto às 17h48[ (3) Comentários] [ envie esta mensagem ] [ link ]

06/08/2008

Degustações

Junto com um grupo de amigos participo regularmente de degustações onde a principal proposta é, em torno de grandes vinhos e boa comida, conversar, se divertir, conhecer coisas novas... Nestas ocasiões aproveitamos para, a partir de um tipo de prato específico, experimentar vinhos por país ou região ou tipo ou uva... Em geral degustamos grandes vinhos, mas algumas vezes temos surpresas na mesma proporção, isto é, ocasiões em que a fama de um rótulo não faz jus ao que está no copo, ou melhor, quando um rótulo sem grandes pretensões atrai atenção.

Um exemplo disso ocorreu em uma das duas mais recentes degustações que fizemos, com os temas Espanha e Portugal. Na primeira delas, dedicada aos grandes tintos da Espanha, degustamos Valduero Gran Reserva 1991 (Rioja), Mas Igneus 1998 (Priorato), Dalmau Reserva 1999 (Rioja), Veja Sicília Valbueña 1998 (Ribeira del Duero), Veja Sicília Valbueña 2000 (Ribeira del Duero), La Flor de Pingus 2000 (Ribeira del Duero) e Vall Llach Idus 2002 (Priorato). Foi uma disputa acirrada, onde o Vall Llach Idus ganhou por pequena margem do Vega Sicília Valbueña 1998 e do Dalmau Reserva 1999, todos na faixa dos 93 pontos ou mais.

Na outra degustação, voltada aos portugueses, a surpresa, no caso negativa, apareceu. Primeiro porque a média geral das notas ficou bem abaixo dos espanhóis. E também porque o aclamado Mouchão Tonel 3-4 2003 (Alentejo), que é apontado por muitos especialistas como fabuloso, não fez sucesso com nenhum dos participantes. O campeão da noite foi o Xisto 2004 (Roquete e Cazes, Douro), este sim um rótulo badalado que provou que sua fama se traduz em realidade. Além deles, também degustamos: Casa Ferreirinha Colheita 1998 Sogrape (Douro), Casa Ferreirinha Reserva Especial 1997 Sogrape (Douro) - duas amostras foram servidas, uma totalmente diferente da outra - e o Pedro & Inês 2004 Dão Sul (Dão).

Escrito por Raul Fagundes Neto às 14h08[ (0) Comente] [ envie esta mensagem ] [ link ]

13/07/2008

Novamente o Montchenot

Comentei aqui há menos de um ano sobre o Montechenot (http://raul.fagundes.blog.uol.com.br/arch2007-09-09_2007-09-15.html), um vinho argentino do velho estilo, que previlegia a elegância em vez da potência tão comum nos rótulos do Novo Mundo nos últimos tempos. O assunto é polêmico, pois já li muitas críticas ao vinho, por ele ser, "oxidado", "ralo", "sem aroma e sabor" etc. Mas eu tomei o Montchentot Gran Reserva 1996 em Buenos Aires em setembro passado e adorei, achei elegante, fino, complexo, em um estilo bordalês. Por isso, fui procurar e achei algumas garrafas do Montchenot para comprar e trazer para casa.
Pois bem. Abri ontem uma das garrafas do Montchenot que está em minha adega, para acompanhar um arroz com linguiça portuguesa e grão de bico, receita da revista Gula de junho, que seria uma das predileções de D. João VI nos anos em que viveu no Brasil, além dos famosos franguinhos. O arroz ficou maravilhoso, e, se é verdade que D. Joao VI adorava a receita, temos que tirar o chapéu para a figura. E mais uma vez, o Montchenot estava excelente, o que só reforça minha opinião sobre este rótulo esquecido por críticos e consumidores, mas que ainda encanta quem gosta de vinhos ao estilo velho mundo.

Escrito por Raul Fagundes Neto às 19h19
01/06/2008

Brasil e Argentina

Acho que é ponto pacífico no mercado que os vinhos brasileiros vêm evoluindo de forma consistente, não apenas entre os já reconhecidos espumantes, mas também nos brancos e tintos. Talvez esta evolução seja mais perceptível entre os chamados vinhos top, nas faixas mais altas de preço, do que entre os básicos. Concordo, mas também acho que nas categorias mais simples a coisa vem melhorando.
Mas meu assunto de hoje é um top brasileiro, mais específicamente o Salton Talento 2002 (corte de Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat), que bebi na semana passada, e sua comparação com um rótulo argentino festejado, o Colomé Estate 2003 (Malbec e Cabernet Sauvignon), produzido na região de Salta.
Tomei o Talento 2002 na hora certa. O vinho estava prontíssimo, com correta evolução, taninos redondos. Mas o que me surpreendeu foi sua elegância, sua finesse. Já tinha tomado algumas vezes o vinho da mesma safra 2002, mas desta vez ele estava bem melhor. Parecia em Cru Bourgeois ou um Petit Chatêau de Bordeaux. Pena que a safra mais recente do Talento, o 2004, não tenha o mesmo pedigree. É bom, mas perdeu o lado Velho Mundo que havia no 2002 e ganhou aquelas características tão comuns aos vinhos do Novo Mundo: muita potência, muito fruta madura, difuculdade de compatibilzação com a comida etc.
Foi justamente isso que percebi ao tomar o Colomé 2003 no dia seguinte. Também já tinha tomado o Colomé em outras oportunidaes, uma delas em uma degustação de "vinhos com carnes", quando ele levou o primeiro lugar. Mas desta vez achei o Colomé totalmente "over". Sobra madeira, sobra fruta madura, sobra potência, sobra intensidade. Falta elegância, falta personalidade. Acho que é um vinho para competições, não para a mesa.
Tenho mais algumas garrafas do Colomé em minha adega, mas nenhuma do Talento 2002. Nunca pensei que um dia diria isso, mas sem dúvida alguma queria que fosse o inverso.

Escrito por Raul Fagundes Neto às 11h05[ (3) Comentários] [ envie esta mensagem ] [ link ]

15/05/2008

Isenção

Logo que comecei a me interessar mais por vinho, ganhei de um amigo um exemplar do famoso guia do crítico inglês não menos famoso Hugh Johnson, autor de diversos e reconhecidos livros sobre o universo da bebida, entre os quais A História do Vinho e O Atlas Mundial do Vinho.

Li o guia do começo ao fim, mas logo em sua apresentação, havia uma nota do autor, deixando bem claro aos leitores que ele mantinha relações comerciais com um ou outro empresário do ramo, como importadores etc. Achei aquilo um exemplo de transparência, de respeito ao leitor e ao mercado.

Confesso que, desde então, me sinto incomodado com as relações não tão claras que existem entre formadores de opinião da mídia especializada em vinhos no Brasil e comerciantes envolvidos no setor. Claro que não sou contra que pessoas que conhecem e que entendem de vinho, auxiliem importadores, expositores e restaurantes na seleção de rótulos, na composição de portfólios, em palestras, na formação de cartas de vinho etc. Isso é muito bom, sem dúvida. O que não é bom, não é transparente, não é verdadeiramente honesto com o leitor, é não deixar isso claro, não explicitar estas relações, não avisar o leitor que existem interesses que ligam quem escreve a, muitas vezes, o objeto do texto. Também não quero dizer que aqueles que mantém relações com “os agentes do mercado” não tem isenção, porém, ao não revelar tal relação, certamente eles dão margem a todo tipo de interpretação, verdadeira ou fantasiosa.

Poucos, raros até, são os que deixam claro estas relações. Assim, não posso deixar de citar o exemplo positivo da recém-reformulada revista Menu (da Editora Três) e de seu novo colunista Arthur Azevedo (presidente da ABS-SP), que estão colocando no rodapé da coluna do mesmo a menção de que este presta consultoria para a Casa Flora. Parabéns pela transparência.

Escrito por Raul Fagundes Neto às 14h19
07/05/2008

Chororô e baixaria

”Quem não tem competência não se estabelece”, “Cliente/parceiro não tem dono”, “Roupa suja se leva em casa”.As batidas frases acima cabem perfeitamente para definir a mais recente baixaria do mundo do vinho no Brasil, envolvendo acusações do dono da importadora Terroir contra seus concorrentes.Recebi, na semana passada e pela 2ª vez, a mala direta enviada pela Terroir para milhares de pessoas, "chorando” a perda de produtores de seu portfolio e acusando os concorrentes de postura antiética e aliciamento/corrupção de profissionais de restaurantes (sommeliers etc.), além de uma tentativa de desqualificar um produtor de renome (no caso, o respeitado chileno Eduardo Chadwick, produtor de grandes vinhos como o Seña, o Vinhedo Chadwick e o Don Maximiano). A coisa piorou com uma nota na Veja SP desta semana, onde, após ser questionado pela revista, o dono da Terroir atirou para todos os lados, dizendo que as práticas antiéticas e desonestas são feitas por todas as importadoras, com exceção, logicamente, dele e de apenas mais uma, a Enoteca Fasano.

A tática da “exceção” não é nova em se tratando da Terroir. Vi e li diversas vezes, no passado, o dono da empresa - que se auto-intitula como “O Homem do Vinho” - afirmar que haveria somente três importadoras sérias no mercado de vinhos recheado de oportunistas e aventureiros: ele próprio, a Mistral e a Expand (agora a Mistral deve ter saído da lista, porque está sendo acusada). O bordão era até ironizado no mercado. Uma vez, em uma degustação da ABS-SP, um conhecido diretor da entidade, ao apresentar um importador reconhecido pelo trabalho sério, disse algo assim, entre risos: “segundo um importador, esta empresa não está entre as sérias de mercado, mas a gente acha que sim...”.

O mundo do vinho não é um mar de rosas, como querem nos vender muita gente (inclusive alguns que escrevem sobre o assunto). Não é um mercado poético e altruísta, de gente desvinculada de interesses, apaixonada etc. É um negócio como outro qualquer - para o bem e para o mal – onde se desejam resultados, lucros, conquistas. Por isso, nele estão bons e maus produtores, bons e maus importadores, bons e maus profissionais, bons e maus formadores de opinião etc.

Em relação às importadoras, não sou “torcedor” de nenhuma, mas cliente de várias, com muitas ressalvas. Acho que quase todas praticam margens muito altas (umas mais, outras menos), culpando, como sempre, a carga tributária brasileira. E ponto.

Agora, as acusações da Terroir contra seus concorrentes são, na realidade, chororô de quem perdeu, mais nada. E para a grande maioria dos clientes dela e das outras, o interesse pelo assunto é ZERO. Como diz minha mãe, “eles que são grandes que se entendam”. Mas vamos combinar, não usem a mídia e a propaganda para isso.
Escrito por Raul Fagundes Neto às 14h03[ (12) Comentários] [ envie esta mensagem ] [ link ]

05/05/2008

Inverno

Confesso que já gostei mais do inverno. Hoje, prefiro muito mais os dias mais amenos, nem muito frios, nem muito quentes. Mas não há como negar que os dias frios são ótimos para tomar vinhos mais estruturados, com mais corpo e potência.

Com os dias mais frios da semana passada, aproveitei para exercitar o que mais curto no mundo do vinho, isto é, sua compatibilização com a comida, a descoberta de novas parcerias, de combinações inusitadas etc.

No feriado de quinta, dia 1º de maio, preparei um Ossobuco à Ambrosiana, tradicionalíssimo e delicioso, feito como se deve: lentamente, com a carne cozinhando em um caldo com vinho branco, salsão, cenouras, cebolas etc. Para escoltar o vinho, escolhi o Amarone Della Valpolicella Classico 2001 Cesari, um robusto tinto do Venêto. O produtor não é um dos tops da região, mas a safra 2001 foi boa (nota 7), e o vinho estava perfeito com o Ossobuco. Complexo, longo, rico. Belo casamento, pois a riqueza e estrutura do vinho sustentou perfeitamente o peso do Ossobuco.
Como o frio teimou em permanecer presente, não tive como resistir e domingo foi dia de outro clássico, dessa vez da França. Preparei um Beauf Bourguignonne, tradicional cozido da região da Borgonha feito com vinho tinto (de preferência da mesma região), também com longo tempo na panela. Como qualquer vinho da Borgonha é caro, acabei usando outro mais simples para preparar a receita, e por isso, decidi experimentar um tinto de Bordeaux com o prato, o Château Petit Clos Du Roy 1999 (por volta de R$ 80,00 no Club du Taste Vin), um Saint Emilion genérico de boa relação qualidade/preço, com notas terrosas, musgo, violetas. Também foi uma boa compatibilização, com a elegância do vinho bem casada com os sabores mais delicados do prato.

Escrito por Raul Fagundes Neto às 14h13
22/04/2008

O envelhecimento dos brancos

Em sua grande maioria, os vinhos brancos não são aptos ao envelhecimento, certo? Certo, a maioria das pessoas que gosta de vinho sabe disso e procura sempre comprar rótulos de safras mais recentes. Isso porque, as melhores caractarísticas de um branco são seu frescor, sua jovialidade e acidez, qualidades que ele vai perdendo com o passar dos anos.
Entretanto, e como sempre, existem exceções. O famoso Montrachet (que nunca tive o prazer de tomar) envelhece bem muitos anos ou décadas, assim como o Corton Charlemagne. Não por acaso são dois tops da Borgonha. Mas há outros, como muitos Chardonnays, além dos espanhóis, como o ícone Viña Tondonia (outro que ainda não consegui experiementar).
Estou tocando no assunto porque recentemente tive duas surpresas como vinhos brancos no quesito envelhecimento. Tinha em casa, já há algum tempo, um Chardonnay do Robert Mondavi (EUA) da Safra 1998. Achei que estava passado, mas resolvi arriscar para acompanhar um risoto de bacalhau. E não é que o branco estava muito bom! Claro que estava bastante evoluído, mas conservava sua potência (tão comum nos Chardonnays americanos) e havia ganhado certa elegância e complexidade pelos 10 anos de guarda.
O mesmo não aconteceu com um Luis Pato Vinha Formal 2003 que abri no último fim de semana. O vinho, que tem menos de 5 anos e ainda é oferecido pela importadora Mistral nesta mesma safra em seu catálogo, estava passado, claramente a caminho da oxidação, já em decadência. Parecia um colheita tardia, espesso, com notas de damascos, amarelo ouro intenso. Claro que ainda estava "bebível", mas perdera seu encanto muito cedo. Isso em um vinho que é o top na ala dos brancos do produtor português. Fiquei realmente surpreso, embora considere muito a possibilidade do vinho ter sofrido muito - antes de chegar na minha adega - em armazéns com alta temperatura etc.
Mas fica o registro. Nem sempre um branco top relativamente jovem ainda está bom e nem sempre aquele branco encostado que você vê nas promoções - com safra de 8, 10 anos atrás - já era.

Escrito por Raul Fagundes Neto às 18h10[ (0) Comente] [ envie esta mensagem ] [ link ]

15/04/2008

Dois bons exemplares do Velho Mundo

Concordo que os vinhos do novo mundo vêm se tornando melhores a cada dia, sejam eles norte-americanos, australianos, sul-africanos, neozelandeses, chilenos ou argentinos. Gosto de muitos deles, mas o Velho Mundo é o Velho Mundo, por isso ainda continuo bebendo muito mais vinhos franceses, italianos, espanhóis e portugueses.

Recentemente tomei dois exemplares que recomendo, pois valem cada centavo.

Um deles é o Pétalos del Bierzo, produzido por Álvaro Palácios na região de espanhola de Bierzo (Castilla y León) a partir da rara uva Mencia (dizem ser parente da Cabernet Franc). É um vinho encantador, que alia toques de modernidade com elegância, refinamento. Por vezes parece um Cru Bourgeois, outras tantas lembra um tinto do Loire. Tomei a safra 2003, que já não está mais à venda, mas acredito que as safras mais recentes (2004, 2005 e 2006) seguem o mesmo tom. Custa U$ 45,00 na Mistral (www.mistral.com.br).

Também tomei alguns dias atrás foi um Bordeaux genérico, o Baron Nathaniel Pauillac 2000, feito pela tradicional casa Baron Philippe de Rothschild. Um belo tinto, intenso, cheio de frutas, com notas de tabaco, redondo, mas muito elegante, com algo raro nos dias de hoje: apenas 12,5% de álcool. Escoltou perfeitamente uma paleta de cordeiro ao forno com batatas. Custa perto de R$ 140,00 na Casa do Porto (Fone: 11- 3061-3003).

Escrito por Raul Fagundes Neto às 17h40
17/03/2008

Pinot Noir: Borgonha e EUA

Confesso que, até dois anos atrás, os vinhos feitos com Pinot Noir eram um enorme ponto de interrogação para mim. Já tinha experimentado um ou outro tinto desta cepa, mas nunca achei nada demais, certamente porque só havia provado um ou dois pinots do Chile e alguns exemplares bem simples da Borgonha.

Isso começou a mudar quando participei de um evento da Mistral e degustei grandes borgonhas produzidos por Joseph Drouhin, um dos mais respeitados produtores e negociantes da região. Achei os vinhos, desde os mais básicos até os Premiers Crus e Grands Crus, muito bons, alguns fantásticos, pela complexidade, elegância, leveza.
Desde então tenho procurado conhecer mais o mundo dos vinhos produzidos com pinot noir, em especial os da Borgonha, em que pese o preço altíssimo destes vinhos aqui no Brasil. Me arrisco a comprar, em algumas ocasiões, um Premier Cru de um produtor não estrelado, de crus menos badalados, ou então, vou atrás de algumas promoções interessantes. Recentemente, em um jantar-degustação com amigos batizado de “aves da França com vinhos franceses”, um Borgonha que levei, o Corton Lês Renardes Grand Cru 1999 (produzido por Anne-Marie Gille), foi considero o vinho da noite por unanimidade, deixando para traz dois grandes Chateauneuf du Pape (entre os quais o Clos des Papes 2005, considerado o melhor vinho do mundo pela Wine Spectator) e um Bordeuax do Pomerol. Logicamente todos os vinhos eram fantásticos, mas o Corton encantou pela sutileza, elegância, complexidade.

Mas são somente os Borgonhas têm me encantado. Tenho tomado vários pinots dos Estados Unidos, tanto do Oregon quando da Califórnia. Alguns são excelentes, longevos, intensos, os melhores produzidos fora da Borgonha. Há alguns meses tomei um Robert Mondavi Coastal Pinot Noir 1997 que estava muito bom com 11 anos de vida, mas o destaque mesmo foi o vinho que bebi no último domingo, saboreando uma codorna recheada com cogumelos no restuarante Al Mirto, em São Paulo. O exemplar era o Don Miguel Vineyard Pinot Noir 1997 Marinar Torres Estate (grupo espanhol Miguel Torres), oriundo de vinhedos localizados na região de Russian River Valley, na Califórnia. Um grande vinho, também com 11 anos, mas que ainda suportaria mais dois ou três de garrafa. Aromas de couro, musgo, flores secas. Complexo, elegante, longo.

A cada dia que passa e quando mais eu experimento os vinhos produzidos nos Estados Unidos, mais eu me lembro de uma afirmação de Nicolás Catena, para quem os Estados Unidos produzem hoje os melhores vinhos do mundo, ao lado da França, logicamente. Em minha opinião não há como negar, isso é um fato.

07/02/2008

Promoções de início de ano

Peço desculpas pela longa ausência motivada pela junção entre o período de festas de fim de ano, férias de janeiro e carnaval.

Antes de falar do Chile, onde estive em Janeiro, gostaria de comentar as já tradicionais liquidações e promoções que as importadoras promovem no início do ano.

Minha percepção é que a Expand, por sempre sair na frente e fazer seu chamado “sale” na primeira quinzena de janeiro, acaba levando vantagem, tanto no volume de vendas (já que acaba consumindo grande parte do orçamento do enófilo para isso), quanto em posicionamento, pois muitas importadoras acabam correndo atrás do que já foi feito.
Mas o que proponho discutir aqui é se realmente vale à pena comprar nestas promoções. Será que estamos comprando vinhos com desconto mesmo? Ou apenas pagando um preço menos absurdo por eles?

Escrito por Raul Fagundes Neto às 18h26
20/12/2007

Brancos bons e baratos

Finalmente parece que o vinho branco vem ganhando espaço nas compras dos apreciadores de vinhos brasileiros. Isso é resultado de uma série de fatores, como a própria evolução do gosto do consumidor típico (a grande maioria se inicia neste mundo pelos tintos e somente depois de um bom tempo descobre os brancos), o nosso clima propício aos brancos (calor em grande parte do ano) e a crescente preocupação com a alimentação saudável, que leva ao maior consumo de saladas e peixes. Assim, uma coisa puxa a outra...

Claro que, na média, o consumidor de vinhos ainda gasta muito mais com os tintos (tanto no volume quanto no valor médio dos vinhos), mas percebe-se, cada vez mais, maior interesse por brancos de classe como os borgonhas, os rieslings da Alsácia e da Alemanha, entre outros.

Porém, para o dia-a-dia, o bom senso e o bolso recomendam vinhos mais simples. Aí vão algumas dicas de ótimos brancos com preços muito bons. São todos do velho mundo:

Chartron La Fleur Blanc 2006 - Schröder & Schÿler - Bordeux/França – U$ 18,90 (Mistral)
Um belo Bordeaux branco feito com uva Sauvignon Blanc. Vale cada centavo. Vai bem com peixes e saladas.

Muscadet de Sèvre et Maine Sur Lie 2005 – Domaine Guy Saget - Loire/França – U$ 17,90 (Mistral)
Excelente relação qualidade/preço. Aromático, leve. Vinho ideal para almoços leves em dias quentes.

Prova Régia Arinto 2005 – Quinta da Romeira - Bucelas/Portugal – U$ 21,90 (Mistral)
Outro bestbuy do velho mundo. Feito com a boa uva Arinto, refrescante, aromático. Vai bem até com alguns pratos de bacalhau mais leves.

Escrito por Raul Fagundes Neto às 16h13[ (4) Comentários] [ envie esta mensagem ] [ link ]

17/12/2007

A falta de elegância dos vinhos do novo mundo

Parto para o Chile daqui algumas semanas e vou aproveitar a viagem para visitar vinícolas locais. Já estive em várias, mas a paixão pelo vinho me impede de, mesmo estando no País para descansar, deixar de dar uma passadinha em algumas delas.
Com o subterfúgio de me preparar para as visitas, venho tomando alguns chilenos nos últimos dias, a grande maioria brancos, como o fantástico Sol de Sol Chardonnay 2003 (o melhor do País), o bom Amayna Sauvignon Blanc 2005, além do belo tinto Erasmo 2004, apontado por Patrício Tápia como um dos melhores cortes do Chile em seu Guia Descorchados 2007.

No último final de semana, para acompanhar um pernil de cordeiro ao forno, abri uma garrafa do Floresta 2000, corte de Cabernet Sauvignon e Merlot da gigante e boa vinícola Santa Rita. É um vinho de alto custo (R$ 190,00 a safra 2004 na importadora Grand Cru ), mas achei decepcionante. Extremamente alcoólico (14,5%), pesado, com madeira em excesso, um pouco rústico. Um típico vinho “porrada” do novo mundo, daqueles que você não consegue beber mais do que uma taça e que, geralmente, se sobrepõe à comida.

Este é, para mim, o grande problema dos vinhos chilenos e argentinos. Claro que existem vários ótimos vinhos tintos e brancos nos dois países, mas acho que a grande maioria ainda peca por este estilo “arrasa-quarteirão” que incomoda quem já deixou a fase inicial de introdução ao mundo dos vinhos. Quando comecei a gostar de vinhos, 7 anos atrás, um tinto como o Floresta certamente me encantaria. Já hoje prefiro a elegância e a complexidade que, infelizmente, ainda não é tão comum nos rótulos do novo mundo.

Escrito por Raul Fagundes Neto às 11h18
13/12/2007

Garimpando um ótimo português


Uma das coisas que gosto de fazer, como “bom de garfo” que sou, é procurar (e às vezes encontrar) restaurantes novos ou desconhecidos da grande maioria das pessoas. Casas com propostas diferentes, por vezes inusitadas, em locais distantes, até longínquos, que somente nascem e até se consolidam em uma metrópole como São Paulo (mas não só nela). Temos vários exemplos assim por aqui, como os já famosos Il Fornaio D’Itália (criado pelo caricato e temperamental chef italiano Vito Simone, que hoje se dedica a uma pousada na Bahia), A Tal da Pizza (que fica escondida praticamente no meio do mato na região da Granja Viana, em Cotia) e Rancho 53 (um bom português que funciona ao lado de um posto de gasolina em plena Rodovia Castelo Branco), entre outros.

Na semana passada, tive o prazer de “descobrir” um lugar assim. A Quinta do Bacalhau é um restaurante português que bem poderia estar instalado nos melhores bairros de São Paulo, mas fica no Km 39 da Rodovia Raposo Tavares, depois da cidade de Cotia. É longe, muito longe, mas a comida compensa.

A casa tem charme e estilo. Fica em um sobrado pequeno - com não mais do que 30 lugares -, bem decorado, com louça portuguesa e atendimento atencioso, de quem sabe o que faz. O cardápio tem foco no Bacalhau (entre 95 e 105 reais para duas pessoas), mas também traz outras opções, como paleta de cordeiro, algumas saladas, entradas etc. Além dos onipresentes e irresistíveis bolinhos de bacalhau, comi o prato da casa, a Cataplana de Bacalhau, em que o peixe (será que bacalhau é mesmo peixe?) é feito neste tipo de panela fechada (que se parece com as hoje famosas Wok) com tomates e cebolas, servido acompanhado de batatas coradas. Estava muito bom, leve e com ótima textura, sem aquele excesso de sal tão comum aos pratos com bacalhau que comemos por aí, e, que nos fazem beber litros de água após a refeição.

O restaurante – aberto há cerca de um ano – conta até com uma carta de vinhos decente, embora concentrada exclusivamente em tintos e brancos portugueses. A estrela da carta é o Palácio de Buçaco, mítico tinto da região da Bairrada que somente é servido no hotel do mesmo nome em Portugal, e, desde o início de 2007, também no Brasil graças à importadora Mistral. O problema é o preço dos vinhos, em geral 100% maiores do que os cobrados pelas importadoras. Melhor levar de casa um vinho legal e pagar a rolha de apenas R$ 20,00 que a casa cobra.

Portanto, quando você estiver passando pela Raposo Tavares em direção à Ibiúna, São Roque, Sorocaba..., saiba que no Km 39 existe uma ótima opção de comida portuguesa. Você não vai se arrepender.

A Quinta do Bacalhau
Estrada de Caucaia do Alto, 1.597, (Acesso no Km 39 da Raposo Tavares)
Fone: (11)...


Escrito por Raul Fagundes Neto às 15h47[ (7) Comentários] [ envie esta mensagem ] [ link ]

07/12/2007

O vinho virtual!

Quando mais me envolvo com o mundo do vinho, mais me surpreendo com os exemplos de falta de profissionalismo, incompetência e desperdício de recursos que ainda existem no mercado. Um vinho que sempre considerei correto é o Casillero Del Diablo, da chilena Concha y Toro. Já tomei algumas versões dele com ótima relação preço/qualidade, como o Syrah 2005, que outro dia fez bonito em uma degustação às cegas realizada com amigos.
Porém, devido ao seu nome (a menção ao "Diablo"), e apesar de seu grande sucesso comercial em vários países, ele não é importado pela Expand e sim pela multinacional Pernod Ricard. Tudo bem? Responda você mesmo após ler o que ocorreu comigo.
Há pelo menos três meses tenho visto em revistas como Gula e Prazeres da Mesa anúncios sobre o lançamento no Brasil do Casillero Del Diablo Reserva Privada 2005, um vinho premium bem superior a Casillero tradicional (corte de cabernet e syrah), com custo aproximado de R$ 90,00. Fiquei interessado e saí em busca do vinho, primeiro no Pão de Açucar, depois em outros mercados etc. Nunca encontrei e as respostas das pessoas para quem perguntava sobre o vinho sempre foram "Nunca recebemos" ou “Não conheço”.
Comecei a achar absurdo. Afinal de contas, como pode uma empresa multinacional focada em bebidas, gastar alguns milhares de reais para anunciar um vinho que os consumidores interessados não acham para comprar? Seria o tal Casillero Del Diablo Reserva Privada um vinho virtual?
Teimoso e interessado em realmente comprar o vinho, continuei procurando e acessei o site da Pernod Ricard (onde tem um texto sobre o tal vinho). Depois liguei no 0800 deles e perguntei onde achar o Casillero. A resposta foi: "Nos supermercados, senhor!". Mas onde?, perguntei. "Onde o senhor está? Vou estar passando um local na região onde o sr. fica", disse a atendente da Pernod Ricard, usando o tradicional gerúndio. Bem, no final da conversa, a moça informou que no bairro de Pinheiros, no Empório NetDrinks (rua dos Pinheiros, 861), eu finalmente encontraria o vinho.
Pois bem, lá fui eu, e, bingo!, o gerente da casa me informou: "Nunca ouvi falar desse vinho. Aliás, a Pernod Ricard está atrasada em várias entregas para a gente".
Desisti. Acho que o Casillero Del Diablo é um vinho virtual. Ou melhor, talvez a importadora faça um trabalho virtual com o vinho.

Escrito por Raul Fagundes Neto às 11h15[ (3) Comentários] [ envie esta mensagem ] [ link ]

01/12/2007

Pechincha de Bordeaux

A Casa Santa Luzia tem uma bela adega de vinhos, que em geral são caros. Mas algumas vezes encontro lá algumas coisas boas por preços muito bons. É o caso do Chatêau Le Sartre 2003, um bordeaux bem confiável de Pessac-Leognan que eles estão vendendo por R$ 73,00. O vinho vale mais do que isso e a Expand vende a safra 2002 do Le Sartre por "meros" R$ 188,00.
Para quem gosta de bordeuax, vale a pena passar lá e levar uma ou mais garrafas.
29/11/2007

Você acredita nos prêmios gastronômicos?

O jornal O Estado de S. Paulo de hoje (29/11), caderno Paladar, apresenta os restaurantes escolhidos do Prêmio Paladar 2007. Na verdade, eles escolheram os melhores pratos em algumas categorias, como grelhados, carnes, massas, comida de bistrô, peixes e frutos do mar, cozinha brasileira moderna, sushi, oriental, entradas e sobremesas. Entre os vencedores, destaque para o Supra (categoria massas) e para o Varanda (grelhados). São dois ótimos restaurantes que não são, em minha opinião, devidamente reconhecidos em outras premiações.
Mas toquei neste assunto porque tenho certo receio com a profusão de prêmios gastronômicos que temos por aqui e pelas verdades absolutas que eles sugerem, como "o melhor italiano é F, a melhor carne está na casa R, o campeão francês é L..." Os prêmios são boas iniciativas, valorizam o setor, mas não podem ser considerados verdades incontestáveis e exatas, simplesmente porque o processo de escolha é muito subjetivo e pouco alicercado em dados concretos. A impressão que tenho, cada vez que vejo os resultados em revistas e jornais, é que muitos votos são influenciados por "simpatia ou antipatia" em relação a determinado local ou chef, ou então, por agradecimento por uma certa "boa vontade" de alguns donos de restaurante.
E você, o que acha? Confia nos prêmios ou não?

Escrito por Raul Fagundes Neto às 17h57[ (4) Comentários] [ envie esta mensagem ] [ link ]


Visitando restaurantes em BH

Belo Horizonte tem diversos bons restaurantes, como os italianos Vecchio Sogno (ótima comida em um ambiente ultrapassado e deprimente), Splendido (bela carta de vinhos e boa comida) e L'Osteria Casa Matiazzi (local de ótimo custo/benefício onde comi, algum tempo atrás, um inesquecível spaghetti de ovos com trufas brancas de alba). Mas tem também outros bem legais, como os bistrôs Taste Vin (melhor carta de vinhos de BH) e D'Artagnan.
Como vou frequentemente para lá, sempre que posso costumo visitar os locais que gosto, além de também procurar coisas novas. Foi assim que achei a casa O Dádiva, restaurante com pouco mais de um ano de vida e que atualmente faz sucesso. O local é muito bonito, com pé direito alto, decoração em estilo toscano. Mas...
Além do atendimento displicente e com aquela mania de tantar estabelecer uma falsa proximidade o cliente ("como é, vamos hidratar?", disse o maitre quando cheguei, oferecendo uma bebida), a casa apresentou vários problemas em minha visita. A salada verde com queijos mineiros que pedi tinha folhas de alface queimadas e peçados de tomate cereja machucados. E isso não pode acontecer em um restaurante com o preço e a pretensão de O Dádiva. Como prato principal, pedi um robalo que veio envolto em uma melequenta paçoca de castanhas, pesada como uma bomba. Isso sem falar na carta de vinhos em taça, que nem merece comentários, tamanha sua pobreza.
Para uma casa chique e cara como O Dádiva, minha visita foi lamentável. Não volto mais lá. Prefiro portos mais seguros, como o Vecchio Sogno, o Splendido, o Taste Vin...

Escrito por Raul Fagundes Neto às 14h27[ (3) Comentários] [ envie esta mensagem ] [ link ]



Novo Casa Europa surpreende

Estive recentemente na Casa Europa, que fica na Grabriel Monteiro da Silva, em São Paulo. Nos últimos tempos o local estava meio decadente, mas alguns meses atrás mudou de maõs e de conceito, para melhor. Comandada pela jovem chef Marina Moraes (que também é proprietária do Café Gardênia, em Pinheiros), a Casa Europa surpreende pelo cardápio criativo de inspiração espanhola e mediterrânea - com tapas, alguns peixes e carnes -, pela ótima qualidade dos pratos servidos e pelos preços honestos, em especial na oferta de menu executivo diário para o almoço.
Quando visitei o local, o prato do dia era um corte de cordeiro por apenas 19 reais, mas minha opção foram as "lulas recheadas com carne de pata de porco sobre purê de mandioquinha". Leve, saboroso, perfeito. Por 30 reais.
Vale a pena conhecer!

Escrito por Raul Fagundes Neto às 14h21[ (0) Comente] [ envie esta mensagem ] [ link ]

20/11/2007

Bendita Hora! Ou Bendita paciência?

Acho que o Bendita Hora tem uma das melhores, senão a melhor, pizza de São Paulo. Massa e recheios são perfeitos, leves, de qualidade. Mas....
Fui outro dia na nova unidade deles emAlpaville. Enorme, bem decorada, escura além da conta. O atendimento é ruim, com garçons toscos e desatentos, que sequer olham em sua cara quando você está fazendo o pedido e muitas vezes o deixam falando sozinho. A carta de vinhos privilegia os rótulos nacionais (bom sinal), mas os vinhos em taça chegam à mesa quentes e em copos grosseiros. É uma pena, porque a pizza é, de fato, muito boa e a casa merece um padrão melhor de serviço.

Escrito por Raul Fagundes Neto às 17h51[ (1) Comentário] [ envie esta mensagem ] [ link ]


Aguzzo tem boa comida e vinhos caríssimos

Durante o feriado estive na Aguzzo Café e Cucina, restaurante italiano comandado por Osmânio Rezende, que trabalhou muito tempo no Grupo Fasano. O local é pequeno, mas muito agradável e bonito, fica na rua Simão Alvares, 325, em Pinheiros (fone: 11-3083.7663). A comida é igualmente muito boa. Clássica, sem invenções e modismos, por um preço justo. O Aguzzo certamente está entre os 10 melhores italianos de São Paulo, embora eu o considere um degrau abaixo de casas como Supra e Piselli, por exemplo (seus concorrentes diretos).
Na minha visita comi como entrada uma Salada Verde com Queijo de Cabra quente, que estava apenas boa. De pratos principais, provamos um Tortelli di Zucca com molho de amendôas (muito bom, embora a massa estivesse um pouco espessa) e um Raviolini de Pato com molho de laranja (excelente).
O ponto negativo da casa - infelizmente mais uma vez - é a carta de vinhos, que, embora apresente boa variedade, tem preços muito, mas muito altos, com margem de 100% ou mais sobre os valores das importadoras. Um exemplo: um vinho italiano do Piemonte, o L'avvocata 2005 de Luigi Coppo, estava cotado a R$ 130 reais. Na Mistral custa menos de 35 dólares. Isso é lamentável e somente afasta o consumidor.

Escrito por Raul Fagundes Neto às 17h34
13/11/2007

Já comentei aqui a intensa movimentação no mercado de lojas de vinhos, tanto as lojas das importadoras quanto as especializadas ou até em supermercados e empórios chiques. Volto ao assunto porque nos últimos tempos algumas novidades surgiram:
- As antigas franquias da Expand em Alphaville, Vila COnceição e Santo André não vendem mais exclusivamente os vinhos do catálogo da Expand, mas sim de diversas outras importadoras. Sob o nome de Ville du Vin, as lojas contam com uma oferta bem interessante, com custo igual ao praticado pelas importadoras. Ótimo para o consumidor, que tem mais opção e preço justo. (www.villeduvin.com.br)
- O Varanda Frutas e Mercearia, misto supermercado chique e empório de importados, sempre teve uma bela adega, com centenas de vinho à disposição oconsumidor. O problema eram os preços praticados, com margens muito altas em cima do preço das importadoras. Agora isso mudou, pois o Varanda selecionou algumas importadoras para trabalhar melhor, deu espaço para elas e garantiu preços bem mais adequados aos consumidor. Belo exemplo. (ww.varanda.com.br)
- A Grand Cru, que recentemente fechou sua loja em Amphaville (justamente por passar a trabalhar com a Ville du Vin), abre nos próximos dias uma loja na Granja Viana. A importadora, aliás, vem melhorando bastante seu portfólio.

26/10/2007

São Paulo oferece italianos de alto padrão

Foram divulgados recentemente os rankings dos melhores restaurantes de São Paulo por especialidade. Em geral, nenhuma surpresa, mesmo porque alguns "eleitos" são figuras mais do que carimbadas no meio, conhecidas pela boa mesa, mas também pelo bom trabalho de "relações públicas" junto aos formadores de opinião do setor, isto é, jornalistas, críticos, gourmets etc.
Especificamente no caso dos restaurantes italianos, os rankins são pródigos. E com razão. Além de estrelas máximas, como o Fasano, e micos colocados em pedestais, como o Massimo (um restaurante italiano médio que cobra um preço absurdo), existem talvez uma dezena de ótimas casas especializadas em comida italiana em São Paulo, um número que faz diferença se compararmos São Paulo com outras grandes metrópoles da América Latina, como Buenos Aires, Cidade do México, Santiago do Chile e Rio de Janeiro. Nestas cidades certamente existem boas casas italianas, mas não na quantidade de São Paulo.
Para quem se interessar, fiz uma lista com alguns lugares que considero essenciais:
O melhor custo/benefício está no Due Cuochi Cucina (Rua Manuel Guedes, 93 - fone: 3078-8092, www.duecuochi.com.br) . Difícil comer tão bem em SP por tão pouco. O menu executivo da casa comandada por Paulo Barros é sensacional, oferecendo couvert, entrada, prato principal e sobremesa por 33 reais. Tudo de ótima qualidade. O único ponto negativo da casa é um certo ar "pitbull" do pessoal que recebe os clientes, em geral estressado com a grande procura por mesas que acontece no local todos os dias.
Badalação com boa comida e atendimento impecável é encontrado no Piselli (rua Padre João Manuel, 1253 - fone: 3081-6043 , www.piselli.com.br), sob o comando do simpático e competente Juscelino Pereira. Embora a comida esteja um degrau abaixo de outras casas recomendadas, apresenta boa qualidade e um ambiente muito agradável, sempre cheio de gente.
Boa comida, bom preço e simpátia também pode ser encontrado no Vinheria Percussi (rua Cônego Eugênio Leite, 523, fone: 3088- www.percussi.com.br), comandado pelos irmãos Silvia e Lamberto Percussi. A casa oferece comida italiana honesta e bem feita, uma bela carta de vinhos e um ambiente familiar.
Além deles, tem o Supra (www.supra.com.br), o Gero (ww.fasano.com.br), o fantástico e caríssimo Pomodori etc.

Escrito por Raul Fagundes Neto às 14h17
11/10/2007

Paladar padronizado

Recentemente a famosa crítica inglesa de vinhos Jancis Robinson escreveu um artigo (ver www.jancisrobinson.com e bimestralmente na revista Prazeres da Mesa) comentando o fato do paladar, tanto de consumidores quanto de críticos/especialistas, se acostumarem aos vinhos de determinada região, quando submetidos apenas a este tipo de vinho. Ela destacava a importância de experimentar outras coisas (em termos de vinho, logicamente) quando as pessoas estão em viagem em um país/região de produtos muito característicos, e citava vários exemplos.

Estou relembrando o artigo porque há algumas semanas estive na Argentina e - como comentei em um post abaixo - achei os vinhos locais muito caros, porém garimpando algumas lojas de Buenos Aires descobri coisas interessantes de outros paises, como por exemplo um Barolo Sperss Gaja 1991 (Piemonte, Itália) por inacreditáveis 50 dólares e um Don Miguel Vineyard Pinot Noir 1997 Marimar Torres (Russian Valley, Califónia, EUA) por menos de 25 dólares.

Uma possível explicação para estes preços “ótimos” está no que Jancis Robinson citou em seu artigo, isto é, a tendência de padronização de gosto dos consumidores. No caso dos argentinos, além da natural tendência dos países produtores de comprar as coisas feitas “em casa”, há o estilo concentrado e maduro que caracteriza os novos vinhos argentinos. Resultado: vinhos de outros países não são valorizados na Argentina (exceto pelos grandes conhecedores) , em especial um vinho italiano difícil como o Barolo.

Sorte minha, porque comprei vinhos ótimos por preços inacreditáveis.

***
Falando um pouco mais do Barolo Sperss Gaja, o bom preço também pode estar ligado a média qualidade da safra 1991 no Piemonte, que obteve nota 6 em 10. Outro fato que pode ter contribuído para o preço baixo do vinho foi a nota conferida por Robert Parker, apenas 87 pontos, quando a média dos vinhos Gaja é sempre superior a 90 pontos.
Mas o que importa é o que a gente acha do vinho, e o Sperss 1991 estava maravilhoso quando foi degustado, na semana passada, em uma noite italiana convocada e comandada pelo amigo Sylvio Lazarrini, do Varanda Grill. Aos 16 anos de idade, o Sperss (que atualmente não traz mais a denominação Barolo, mas sim Langhe Nebiollo, por opção do produtor) mostrou muita complexidade, qualidade e harnomia. Certamente não é um vinho fácil, mas é um belo Barolo que fez ótima figura ao lado de outros grandes vinhos degustados naquela noite, como os toscanos Tenuta San Guido Sassicaia 2002 e Collezione de Marchi Cabernet Sauvignon 1999, os piemonteses Elio Altare Barolo Vigneto Arborina 1999 e Gaja Barbaresco 2000, o belo La Palazzola Merlot 1999 da Umbria e o Bertani Amarone Recioto della Valpolicella 1990 (Veneto).

Escrito por Raul Fagundes Neto às 11h06
24/09/2007

Potencial de guarda e verdades absolutas

Realmente o mundo do vinho não tem verdades absolutas, incontestáveis.... O potencial de envelhecimento dos vinhos do velho e do novo mundo é um bom exemplo.
Na semana passada tive a oportundidade (e o prazer) de tomar dois grandes vinhos: Don Melchor Reserva Privada Cabernet Sauvignon 1996 (Concha y Toro, Chile) e Barbaresco DOCG 2001 (Livio Pavese, Piemonte, Itália). Dois grandes vinhos, mas, ao contrário do eu imaginava, o Don Melchor 1996, aos 11 anos de idade, mostrou que ainda pode evoluir mais uns dois anos ou mais, pois ainda tinha tâninos muito finos, boa fruta etc. Em contrapartida, o Barbaresco 2001, que normalmente é um vinho de guarda para mais de uma década, estava mais do que pronto com apenas 6 anos. Embora delicioso (e perfeito para acompanhar um Ossobuco com risoto à parmegiana), já estava iniciando sua decadência, tinha cor de vinho de porto tawni e aromas muito evoluídos. Fiquei surpreso, uma vez que a safra 2001 no Piemonte foi considerada ótima e o Barbaresco deveria, em tese, ter longa vida pela frente. O estilo de vinificação e a qualidade do produtor (acho que de média para boa do caso italiano e de boa para ótima no caso chileno) certamente falaram mais alto do que as convenções que nos acostumamos a aceitar, isto é, de que os vinhos do velho mundo envelhecem melhor do que os vinhos do novo mundo.Como apreciador dos vinhos elegantes do velho mundo, confesso que aprendi mais um pouco.

Escrito por Raul Fagundes Neto às 12h42[ (0) Comente] [ envie esta mensagem ] [ link ]


17/08/2007

Bordeaux bons e baratos

Volto ao assunto Bordeaux por bom preço. É um tema que interessa bastante aos consumidores, em especial porque é raro encontrar Bordeaux realmente bons por valores inferiores a R$ 100,00. Mas eles existem, e posso recomendar alguns que já experimentei. Todos entre R$ 40,00 e R$ 50,00:
- Chateau Puycarpin 2004, Bordeaux Supèrieur, R$ 56,00 (Wine House, www.winehouse.com.br, Fone: (11) 3071-2900 )
- Chateau de Lugagnac 2001, U$ 25,00 (Decanter**, fone: (11) 3071-3055 )
- Chateau Tour de Mirambeau, AC Bordeaux, U$ 24,90 (Mistral, www.mistral.com.br, Fone (11) 3372-3400 )

** Com um portfólio muito bom de vinhos da maioria dos países produtores e um trabalho reconhecidamente sério, a importadora Decanter é um exemplo de atraso na comunicação com o mercado. Seu website (www.decanter.com.br) está praticamente fora do ar há muitos meses e não informa sequer o telefone da importadora. Tive que procurar no site da ABS o número. Lamentável!

10/08/2007

Vertical de Cadus

Participei com um grupo de amigos de uma vertical do Cadus Malbec, um dos tops argentinos, produzido pela Nieto Senetiner. Graças aos importadores locais (Casa Flora) e também à representante da marca no Brasil, degustamos as safras 2000, 2001, 2002 e 2003 desse belo tinto, que considero um dos melhores malbecs argentinos. Gostei mais do Cadus Malbec 2000 Estiba 39, um vinho especial, de uma parcela pequena que alcançou grande qualidade. É um vinho pronto, mas que pode ser guardado por alguns anos ainda. Em minha opinião, o 2001 estava maravilhoso também, pronto, evoluído, com notas de couro. A safra 2002, apontada como a melhor e mais premiada, não me encantou. Achei um vinho muito estilo novo mundo, onde falta certa elegância. O Cadus Malbec 2003 idem.

Escrito por Raul Fagundes Neto às 10h37
01/08/2007

Boa notícia: lojas com bons preços de vinhos

Faz parte do passado o tempo em que, para comprar vinho por um preço ao menos razoável, era preciso recorrer às importadoras, muitas vezes despreparadas para atender o consumidor final (algumas ainda o são). A Expand começou a mudança com suas várias lojas espalhadas por São Paulo e pelas mais importantes cidades do Brasil, sendo seguida por nomes do WorldWine (que montou uma bela loja nos jardins), Wine House, Grand Cru, Casa Fasano etc. Mas isso foi há alguns anos.
O que acho realmente interessante e que está acontecendo agora é a proliferação de lojas de vinho independentes por São Paulo, muitas das quais trabalhando com várias importadoras e com preços bem competivivos. É o caso, por exemplo, do Empório Mercantil (que fica na rua dos Pinheiros, esquina com a Pedroso de Morais), do empório chic Saint Marché (que tem lojas no Morumbi, City Lapa e Panamby, e agora está assumindo a administração do Empório Santa Maria), do restaurante/loja Vino! e até da rede de padarias Dona Deôla. Há outros também. Todos têm ótimos preços e ótima oferta.
Quem ganha com isso é o consumidor, lógico! Mas infelizmente ainda existem lojas onde o preço do vinho é quase o dobro do praticado nas importadoras. Passe no Pão de Açucar e no Varanda Frutas e confira!

Escrito por Raul Fagundes Neto às 16h07[ (1) Comentário] [ envie esta mensagem ] [ link ] 26/07/2007

Château Haut-Lagrange

Eu e um grupo de amigos loucos por vinho degustamos nesta semana um tinto de Bordeuax que mostra muito bem como estes vinhos franceses fantásticos são muitas vezes mal compreendidos pelos críticos que pautam o mercado mundial. Era um Château Haut-Lagrange 1998 Pessac-Lèogman que, confesso, abri com medo de já estar meio passado, porque li na WineSpectator que ele deveria ter sido aberto por volta de 2002. Pois bem, abrimos em julho de 2007 e o vinho estava ótimo, elegante, complexo, intenso, refinado. Um grande Bordeaux que poderia ser guardado por mais alguns anos ainda, mas que já estava sensacional, mas não para a Winespectator, que lhe outorgou apenas 83 pontos. Pois é, pena que não sobrou uma gota.

Escrito por Raul Fagundes Neto às 15h38[ (0) Comente] [ envie esta mensagem ] [ link ]


Surpresa com um Beaujolais

Nunca fui fã dos Beaujolais. Na verdade, é um preconceito parecido com aquele que muitos têm em relação aos brancos alemães. Se no caso dos alemães o motivo são os terríveis garrafas azuis, no outro caso são os fracos e oportunistas Beaujolais Nouveau que infestaram as prateleiras brasileiras até alguns anos atrás como sendo grandes vinhos.
Mas estava garimpando na World Wine La Pastina e encontrei um Cru de Beaujolais da região de Morgon (um dos melhores terrenos da área) do produtor Marcel Lappiere. É um vinho 100% natural, feito artesanalmente. Me surpreendeu pela elegância, complexidade e pelo potencial de envelhecimento. Um belo vinho que está em promoção por R$ 90,00 (o preço normal é R$ 120,00) na safra 2004.
Escrito por Raul Fagundes Neto às 15h30
19/07/2007

Um belo Pomerol

Por ocasião de uma data especial, abri dias atrás um Château Plince 1997 Pomerol (Bordeuax), que comprei em uma promoção da Expand no início do ano por metade do preço de lista. Estava muito bom, com toda a elegância e complexidade dos grandes exemplares do Pomerol, mas acho que poderia evoluir bem por mais uns pares de anos. Realmente os vinhos franceses são sensacionais.
Escrito por Raul Fagundes Neto às 13h51[ (0) Comente] [ envie esta mensagem ] [ link ]


Vino! esta fadado ao sucesso!

Estive no Vino!, novo empreendimento da dupla de chefs Rodrigo Martins e Jefferson Rueda (do Pomodori) em associação com um grupo do Paraná. É um misto de loja de vinhos e restaurante italiano que fica quase ao lado do Pomodori, na rua Tamandaré Toledo, no Itaim. Bela decoração, pé direito alto, despojado.
É um lugar fadado ao sucesso! Durante o dia o local oferece o que eles chamam de "Almoço da Mamma", uma releitura moderna e de qualidade das antiquadas galeterias italianas facilmente encontradas no Rio Grande do Sul (a maioria de baixa qualidade). Quem conseguir experimentar a interminável sequência de petiscos e pratos vai gostar. No couvert são oferecidos deliciosos pães caseiros, seguido por uma salada verde (sem graça) e por uma panelinha com alguns pedaços de polenta frita, frango à passarinho e polpetone de alcatra. Mas isso é só o começo. Logo depois surgem 5 pratos de massas ou risotos que variam todos os dias e são servidos como se fosse um rodízio. No dia de minha visita foram serviços penne à matriciana, farfalle com funghi e tiras de filét mignon, ravioli de mussarela de búfala, gnochi quatro queijos, spaghetti ao molho de funghi e lasagna à bolonhesa. Todos estavam ótimos, muito leves. Tudo isso por apenas R$ 26,00 nos dias de semana e R$ 31,00 nos finais de semana.
Durante o jantar a proposta da casa é mais formal, com menu à la carte com boa oferta de massas secas e frescas, algumas carnes e peixes, além de boas sobremesas com sotaque italiano.
Outra boa novidade do Vino é o tratamento dado aos vinhos. Cinco rótulos são selecionados diriamente para serem serviços em taça, mas a casa não tem carta de vinhos e sim uma loja à disposição dos clientes, com preços iguais aos praticados pelas importadoras (inclusive as promoções). Caso queira uma garrafa, o cliente pode comprar na loja e pedir para servir na mesa, sem custo adicional (além dos 10% de serviço).
O ponto fraco do Vino! é o serviço. Embora muito atencioso, ainda está confuso, inseguro, talvez reflexo da dificuldade em servir sequências distintas de pratos em diversas mesas ao mesmo tempo. Neste cenário, se perder é muito fácil e isso merece todo o cuidado por parte dos donos da casa.
Alguém tem dúvida do sucesso da casa?
11/07/2007

Dicas de Bordeaux

Tomar vinhos de Bordeaux de boa qualidade e bons preços no Brasil já foi mais difícil. Acho que hoje existem muitas boas opões no mercado, disponíveis em várias importadoras. Recentemente tomei o Château de Mouchac Bordeaux Supérieur 1999, que custa por volta de R$ 70,00 na Casa do Porto e me surpreendi. Um vinho complexo, com ótima acidez, redondo, que cresce com a comida. Recomendo!
Outros Bordeaux que degustei recentemente e que indico são o Château La Butte Vielles Vignes 2004 (Mistral, por menos de R$ 80,00), o Château de Lugagnac 2001 Bordeaux Supérieur (R$ 50,00 na Decanter) e o Château Le Sartre 2001, um Petit Châteaux de Péssac-Leognan um pouco mais caro (R$ 140,00 na Expand), mas muito bom.

Escrito por Raul Fagundes Neto às 17h06[ (1) Comentário] [ envie esta mensagem ] [ link ]

05/07/2007

Altos e baixos dos vinhos brasileiros

Já tive muito preconceito com o vinhos brasileiros, mas ultimamente venho passando por cima disso, experimentando alguns vinhos nacionais, com bons e maus resultados. O melhor tinto nacional que já tomei foi o Salton Talento 2002, que está pronto, redondo, muito bom. Mas é caro, cerca de R$ 60,00. Aliás, todos os bons vinhos nacionais são caros.
Entre os mais em conta experimentei e gostei do Miolo Reserva Pinot Noir 2005 (por volta de R$ 25,00). Achei simples, fácil, com boa fruta. Seu ponto fraco são os aromas, muito diluídos, mas na boca é gostoso. Esta boa impressão não tive de outros tantos, entre os quais o Casa Valduga Duetto Pinot Noir/Syrah 2005. É bom no nariz, mas na boca é desagradável, com uma incômoda acidez volátil, desajustado. Enfim, não é bom.
03/07/2007

Bons espanhóis em SP

As comidas ibérica e espanhola estão na moda em São Paulo. Além dos bares/restaurantes como Adega Santiago (bom) e Alcântara (médio), casas mais sofisticadas fazem sucesso, como por exemplo o Toro (há alguns anos na praça) e no Eñe, inaugurado meses atrás pelos irmãos, chefs e espanhõis Sérgio e Javier Torres Martinez. Estive em ambos recentemente e as visitas valeram à pena.
O Eñe é mais moderninho, com decoração de linhas retas, um pouco fria demais, aquela enjoativa música ambiente etc. A comida é muito boa, desde o couvert até os pratos, entre os quais Corvina com purê de mandioquinha servida em um ponto muito interessante. Parece que está cru, mas nãop está. Deliciosa. A carta de vinhos é boa, mas a oferta de rótulos em taça é muito restrita, como na maioria dos restaurantes em SP.
Já o Toro é menos inventivo, mais tradicional, e recentemente trocou as chamativas cores vermelhas da decoração pelo sempre leve e bom branco. O ambiente ficou melhor, mas a cozinha continua muito boa. O menu executivo, 39 reais, traz bons pratos, entre os quais um linguado marivilhoso que comi em minha visita. A carta de vinhos destaca os espanhóis, mas aqui também os vinhos em taça são poucos e muito, mas muito caros. Quando estive lá havia apenas 1 branco disponível em taça, o Esencia Valdemar Viura 2005, pelo preço de R$ 25,00 a taça. Uma garrafa custa menos de R$ 30,00 na importadora (Mistral).

Escrito por Raul Fagundes Neto às 12h53[ (0) Comente] [ envie esta mensagem ] [ link ]


Lendo sobre vinhos em meio ao caos aéreo

Fui vítima do apagão aéreo na semana passada, quando tentava retornar de Belo Horizonte para São Paulo. Enquanto esperava (em vão) embarcar no avião que me traria de volta à SP, aproveitei o tempo para comprar e ler duas revistas braleiras sobre vinho, Wine Style e Adega. Já conhecia as publicações, mas não sou leitor habitual. As edições de ambas trazem reportagens muito boas. A Wine Style (Nº 12, não infroma o mês) tem uma reportagem bem interessante do editor Arthur Azevedo sobre os Pinot Noirs do Russian Valley, na Califórnia. Já a Adega (Nº 20, também não informa o mês) traz um texto do editor de vinhos Marcelo Coppelo sobre o Vega Sicília, mítico tinto espanhol. Recomendo!

Escrito por Raul Fagundes Neto às 09h45
28/06/2007

Bons vinhos baratos

Um das coisas interessantes do Club du Taste Vin foi um Vin de Pays do vale do Rhône, o Cévennes Cadets de Gournier 2003, do produtor Maurice Bornouin, que custa R$ 29,40. Um belo vinho por um belo preço. Um típico Rhône.
Mais duas dicas interessantes, ambas encontradas na Grand Cru (www.grandcru.com.br):
- Panarroz 2004 - Bodega Olivares - Jumila - Espanha: R$ 35,00 (90 pontos de Parker)
- Altos de la Hoya 2004 - Bodegas Olivares - Jumila - Espanha: R$ 49,00 (90 pontos de Parker)

Escrito por Raul Fagundes Neto às 13h17[ (2) Comentários] [ envie esta mensagem ] [ link ]

Boa importadora de vinhos

Sou um ávido leitor de reportagens e notas sobre vinhos, mas confesso que muita coisa que é publicada na imprensa é cansativa, especialmente aquelas notas que descrevem o vinho em pormenores. Uma ótima exceção é o blog Carta de Vinhos (http://portalexame.abril.com.br/blogs/cartadevinhos/listar1.shtml) do Portal Exame, feito pelo jornalista Ricardo Cesar, que traz comentários pertinentes, interessantes.Pois bem. Semanas atrás li um post no blog Carta de Vinhos com uma entrevista com o Ed Motta, músico, gourmet e enófilo que mantém uma coluna do portal da Veja (http://veja.abril.com.br/ed_motta/index_210607.shtml). Fui olhar lá e descobri algumas dicas do Ed sobre vinhos franceses da importadora Club du Taste Vin, presente em SP e no RJ. A proposta deles é oferecer no Brasil vinhos franceses que os franceses tomam na terra deles. Achei interessante. Vale a pena conhecer: www.tastevin.com.br
Escrito por Raul Fagundes Neto às 13h12[ (0) Comente] [ envie esta mensagem ] [ link ]

Trindade, o novo resturante do Carlos Bettencourt

Carlos Bettancourt, dono do A Bela Sinta, inaugurou um novo restaurante, agora na agitada (e muitas vezes micada) rua Amauri. Estive lá no Trindade na semana passada. É um lugar bonito, moderno, ambiente aberto, pouco mais de 20 meses, mas com teto de vidro que atrapalha algumas mesas em dias de sol, além de uma música ambiente "nada a ver", que foi providencialmente desligada depois. Serviço atencioso, mas ineficiente e confuso.
Tem menu executivo por R$ 38 reais com boas opções de entrada, patro principal e sobremesa. De entrada comi Bacalhau Espiritual (desfiado, misturado com batatas amassadas e levado ao forno), que estva muito bom. Meu prato principal foi um Arroz de Pato, que achei passável. No Antiquarius é melhor.
O cardápio é legal, bem variado, com destaque para os bacalhaus, peixes, frutos do mar e arrozes. Tem também algumas porções irresistíveis, como bolinho de bacalhau, pastel etc. A carta de vinho é pequena, um pouco pobre e cara. São somente quatro opções de vinhos em taça, dois tintos e dois brancos, todos medianos. O tinto Flor de Crasto 2004 (R$ 15,00 a taça) chegou à mesa quente e teve que repousar alguns minutos na adega (que não vi onde estava).
Em resumo, bom restaurante, tem futuro, mas precisa de ajustes. Voltarei em breve!

Escrito por Raul Fagundes Neto às 13h05[ (0) Comente] [ envie esta mensagem ] [ link ]

Noite memorável com Kobe Beef e vinhos top

Por falar em Varanda, ontem (28/06) participei lá de, talvez, a melhor degustação de vinhos que já presenciei. Combinamos com o Sylvio de fazer uma degustação de grandes vinhos com cortes do Kobe Beef que ele serve lá, da raça japonesa de gado Wagyu.
Foi uma maravilha. Provamos quatro cortes desta carne, cada uma com um Kobe Grau (de gordura entremeada). É uma coisa sensacional, pois é totalmente diferente da boa carne que estamos acostumados a comer normalmente. É muito macia e saborosa, quase doce. Particularmente, gostei mais do corte com grau 7 do que o top, grau 10, que achei com gordura demais.
Mas vamos aos vinhos. Além desse blogueiro, participaram da grande noite o próprio Sylvio Lazzarini, meus amigos Ricardo Cesar (jornalista da Exame) e Edu Vieira (jornalista da Época), o também jornalista Nirlando Beirão e o empresário João Carlos de Camargo, das rádios BandNews FM, Alpha FM etc. Cada um trouxe um grande vinho.
Foram seis vinhos: Opus One 2000 (Robert Mondavi, Napa Valley, Califórnia, EUA), Caymus Special Selection 1994 (Caymus, Napa Valley, califórnia, EUA), Brunello di Montalcino Riserva DOCG Basse Soldera 1999 (Toscana, Itália), Quinta do Vale do Meão 2004 (Douro, Portugal), Chateâu Palmer 1994 Margaux (Bordeaux, França) e Cheval des Andes 2001 (Terrazas e Cheval Blanc, Mendoza, Argentina).
O páreo foi duro, mas o Caymus Special Selection 1994, que o Nirlando levou, venceu por unanimidade. Um nectar, redondo, complexo, elegante. Esses americanos estão fazendo grandes vinhos, é fato! O ponto negativo foi o Quinta do Vale do Meão 2004, que tem 97 pontos pelo Robert Parker, mas que não agradou. Parece um vinho "porrada" do novo mundo, com muita geléia de fruta.
Já estou imaginando a próxima!!!
Escrito por Raul Fagundes Neto às 12h50[ (1) Comentário] [ envie esta mensagem ] [ link ]

A melhor carne de SP

Qual o melhor restaurante de carne de São Paulo? A maioria dos "entendidos" diz que é o Rubayat, mas eu e muita gente acha que é o Varanda, lá no Itaim. Além do serviço 100%, nunca comi lá carnes fora do ponto pedido. Para mim o Varanda é a melhor steak house do Brasil. Grande Sylvio Lazzarini!
Escrito por Raul Fagundes Neto às 12h35[ (1) Comentário] [ envie esta mensagem ] [ link ]