quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Argentina: decadência ampla, geral e irrestrita?


Que na virada dos Séculos 19 para 20 a Argentina tinha uma das maiores economias do mundo muita gente sabe, mas que eles também eram um dos maiores mercados para os vinhos de Bordeaux na mesma época é uma novidade, ao menos para mim. Li isto no ótimo livro O vinho mais caro da História (o título em inglês é The Billionaire Vinegar), que conta em detalhes como um falsificador alemão muito esperto enganou os esnobes do mundo do vinho por décadas, vendendo garrafas fajutas de premier crus centenários.

Mas não quero falar do livro, e, sim, da Argentina. É impressionante e triste a decadência do País em vários os níveis, com a honrosa exceção dos vinhos. Muita gente não vai concordar com o “triste” que coloquei aí em cima, em especial pelos saborosos apuros que eles vêm enfrentando com a seleção de futebol comandada por ninguém menos que Maradona. Mas não tem jeito, para mim é triste mesmo ver um País que já foi o que eles foram, chegar nisto, e, aqui, o futebol é apenas um reflexo do contexto geral.

Nem a carne deles, a melhor do mundo, vai resistir, dizem os especialistas. Outro dia o Sylvio Lazzarini, dono da churrascaria Varanda e uma das pessoas que mais entende de carne no Brasil, comentava que, embora o terroir da Argentina (mais especificamente da região de Buenos Aires) seja perfeito para a produção de gado de altíssima qualidade, o cenário vem mudando radicalmente por lá, fruto das besteiras promovidas pelo casal Kirchner e da rápida substituição da criação de gado pela cultura de grãos, mais rentável. Hoje, segundo Lazzarini, já é muito difícil encontrar carnes de alta qualidade por lá.

Economia em frangalhos, indústria sucateada, pobreza em alarmante crescimento, o campo em guerra contra o governo, queda na qualidade do símbolo nacional que é a carne... futebol seriamente ameaçado de ficar fora da Copa do Mundo. Que fase!

Como disse, é uma pena. Vamos torcer para que a decadência não chegue ao mundo do vinho argentino, que vive, aliás, uma fase de excelência, com qualidade crescente e conquista de mercados internacionais.

Um comentário:

  1. Prezado Raúl, não é tão assim não. A Argentina é a Argentina.
    Que não é a mesma, estou de acordo, mas que é o mesmo depois de anos de capitalismo selvagem?
    Os vinhos, cada vez melhores.
    Abraço,

    Rubén

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