domingo, 1 de março de 2009

22/04/2008

O envelhecimento dos brancos

Em sua grande maioria, os vinhos brancos não são aptos ao envelhecimento, certo? Certo, a maioria das pessoas que gosta de vinho sabe disso e procura sempre comprar rótulos de safras mais recentes. Isso porque, as melhores caractarísticas de um branco são seu frescor, sua jovialidade e acidez, qualidades que ele vai perdendo com o passar dos anos.
Entretanto, e como sempre, existem exceções. O famoso Montrachet (que nunca tive o prazer de tomar) envelhece bem muitos anos ou décadas, assim como o Corton Charlemagne. Não por acaso são dois tops da Borgonha. Mas há outros, como muitos Chardonnays, além dos espanhóis, como o ícone Viña Tondonia (outro que ainda não consegui experiementar).
Estou tocando no assunto porque recentemente tive duas surpresas como vinhos brancos no quesito envelhecimento. Tinha em casa, já há algum tempo, um Chardonnay do Robert Mondavi (EUA) da Safra 1998. Achei que estava passado, mas resolvi arriscar para acompanhar um risoto de bacalhau. E não é que o branco estava muito bom! Claro que estava bastante evoluído, mas conservava sua potência (tão comum nos Chardonnays americanos) e havia ganhado certa elegância e complexidade pelos 10 anos de guarda.
O mesmo não aconteceu com um Luis Pato Vinha Formal 2003 que abri no último fim de semana. O vinho, que tem menos de 5 anos e ainda é oferecido pela importadora Mistral nesta mesma safra em seu catálogo, estava passado, claramente a caminho da oxidação, já em decadência. Parecia um colheita tardia, espesso, com notas de damascos, amarelo ouro intenso. Claro que ainda estava "bebível", mas perdera seu encanto muito cedo. Isso em um vinho que é o top na ala dos brancos do produtor português. Fiquei realmente surpreso, embora considere muito a possibilidade do vinho ter sofrido muito - antes de chegar na minha adega - em armazéns com alta temperatura etc.
Mas fica o registro. Nem sempre um branco top relativamente jovem ainda está bom e nem sempre aquele branco encostado que você vê nas promoções - com safra de 8, 10 anos atrás - já era.

Escrito por Raul Fagundes Neto às 18h10[ (0) Comente] [ envie esta mensagem ] [ link ]

15/04/2008

Dois bons exemplares do Velho Mundo

Concordo que os vinhos do novo mundo vêm se tornando melhores a cada dia, sejam eles norte-americanos, australianos, sul-africanos, neozelandeses, chilenos ou argentinos. Gosto de muitos deles, mas o Velho Mundo é o Velho Mundo, por isso ainda continuo bebendo muito mais vinhos franceses, italianos, espanhóis e portugueses.

Recentemente tomei dois exemplares que recomendo, pois valem cada centavo.

Um deles é o Pétalos del Bierzo, produzido por Álvaro Palácios na região de espanhola de Bierzo (Castilla y León) a partir da rara uva Mencia (dizem ser parente da Cabernet Franc). É um vinho encantador, que alia toques de modernidade com elegância, refinamento. Por vezes parece um Cru Bourgeois, outras tantas lembra um tinto do Loire. Tomei a safra 2003, que já não está mais à venda, mas acredito que as safras mais recentes (2004, 2005 e 2006) seguem o mesmo tom. Custa U$ 45,00 na Mistral (www.mistral.com.br).

Também tomei alguns dias atrás foi um Bordeaux genérico, o Baron Nathaniel Pauillac 2000, feito pela tradicional casa Baron Philippe de Rothschild. Um belo tinto, intenso, cheio de frutas, com notas de tabaco, redondo, mas muito elegante, com algo raro nos dias de hoje: apenas 12,5% de álcool. Escoltou perfeitamente uma paleta de cordeiro ao forno com batatas. Custa perto de R$ 140,00 na Casa do Porto (Fone: 11- 3061-3003).

Escrito por Raul Fagundes Neto às 17h40

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