domingo, 1 de março de 2009

18/08/2008

Malbec x Malbec

Sou um crítico dos Malbecs argentinos. Não de todos, é lógico, mas sim daqueles com muita fruta, muita madeira, muito álcool, muito potentes, enfim, enjoativos. Os vinhos “geléia de frutas” que alguns críticos comentam. Acho que o problema está na linha média, e, claro, na básica, já que entre os vinhos mais caros, a maioria realmente tem qualidade.

Mas e os Malbecs franceses da região de Cahors? Já ouvi de tudo sobre eles. Uns falam que são muito superiores aos argentinos, outros dizem que são vinhos rústicos, sem graça...

Nunca tinha experimentado um Malbec da França até a semana passada. E o fiz justamente depois de tomar, um dia antes, um Malbec argentino. São coisas totalmente diferentes e devo dizer que, mais uma vez, sou mais a França.

O argentino foi o Zuccardi Série A Malbec 2006, de Mendoza, que ganhei recentemente. Bebi o vinho acompanhando um churrasco de picanha. É um vinho normal, como dezenas que encontramos por aí entre os rótulos vindos do país vizinho. O tipo de vinho over, onde sobra tudo e falta elegância. Custa R$ 55,00 na Expand.

O francês foi o Château Pineraie 2001, de Cahors, que tomei acompanhando um cordeiro assado com batatas. Embora não seja um grande vinho, mesmo porque seu custo é bem acessível (por volta de R$ 60,00 no Club du Taste Vin), é um vinho correto, com boa acidez e corpo, fruta e madeira na medida certa, elegante.

Foi interessante comparar os Malbecs dos dois países, pois além da pouca oferta de franceses desta cepa por aqui, os Malbecs não têm fama fora da Argentina, embora existem vinhos produzidos com ela em outros países, como o Chle, por exemplo. Seria ótimo repetir a dose, agora de forma mais estruturada, com vinhos da faixa mais alta, colocando frente a frente um top argentino (Catena Zapata Estiba Reservada, Achaval Ferrer Finca Altamira, Val de Flores etc.) contra um Château du Cedre Lê Cèdre (R$ 220,00 na World Wine), por exemplo. Seria uma bela prova!

Escrito por Raul Fagundes Neto às 13h53[ (12) Comentários] [ envie esta mensagem ] [ link ]


15/08/2008

Cordeiro dos deuses com show de Shiraz australianos

A casa de carnes Varanda foi palco na semana passada de uma noite especial. A convite do proprietário da casa Sylvio Lazzarini, eu e um grupo de companheiros fizemos uma dupla degustação: cortes de cordeiro com Shiraz top da Austrália. Foi um show!

Para começar, o Cordeiro. Inquieto e sempre em busca do melhor para sua casa, Lazzarini encontrou e está trazendo para o Varanda, diretamente do Sul do Chile, na chamada Terra Del Fuego, um produto de altíssima qualidade, os cordeiros da marca Simunovic. Degustamos três cortes ótimos: paleta, pernil e costeleta. Posso dizer, com certeza, que foram as melhores carnes de cordeiro que já comi, especialmente a paleta. Sem igual.

Para acompanhar as carnes, fizemos uma degustação de Shiraz australianos. E aí a coisa ficou mais séria ainda. Passaram por nossa mesa Mitolo Reiver 2005, D’Arenberg The Dead Arm 2003, Penfolds RWT 1998, Penfolds Grange 2002 (isso mesmo!!!!) e St. Hallet Faith 2002.

Todos os vinhos eram relativamente jovens e poderiam envelhecer muito bem por vários anos, mas já estavam excelentes. A disputa foi muito equilibrada (na nota dos degustadores, a diferença entre os cinco vinhos foi de 3 a 4 pontos, no máximo), mas o Grange e The Dead Arm estavam imbatíveis.
Escrito por Raul Fagundes Neto às 17h48[ (3) Comentários] [ envie esta mensagem ] [ link ]

06/08/2008

Degustações

Junto com um grupo de amigos participo regularmente de degustações onde a principal proposta é, em torno de grandes vinhos e boa comida, conversar, se divertir, conhecer coisas novas... Nestas ocasiões aproveitamos para, a partir de um tipo de prato específico, experimentar vinhos por país ou região ou tipo ou uva... Em geral degustamos grandes vinhos, mas algumas vezes temos surpresas na mesma proporção, isto é, ocasiões em que a fama de um rótulo não faz jus ao que está no copo, ou melhor, quando um rótulo sem grandes pretensões atrai atenção.

Um exemplo disso ocorreu em uma das duas mais recentes degustações que fizemos, com os temas Espanha e Portugal. Na primeira delas, dedicada aos grandes tintos da Espanha, degustamos Valduero Gran Reserva 1991 (Rioja), Mas Igneus 1998 (Priorato), Dalmau Reserva 1999 (Rioja), Veja Sicília Valbueña 1998 (Ribeira del Duero), Veja Sicília Valbueña 2000 (Ribeira del Duero), La Flor de Pingus 2000 (Ribeira del Duero) e Vall Llach Idus 2002 (Priorato). Foi uma disputa acirrada, onde o Vall Llach Idus ganhou por pequena margem do Vega Sicília Valbueña 1998 e do Dalmau Reserva 1999, todos na faixa dos 93 pontos ou mais.

Na outra degustação, voltada aos portugueses, a surpresa, no caso negativa, apareceu. Primeiro porque a média geral das notas ficou bem abaixo dos espanhóis. E também porque o aclamado Mouchão Tonel 3-4 2003 (Alentejo), que é apontado por muitos especialistas como fabuloso, não fez sucesso com nenhum dos participantes. O campeão da noite foi o Xisto 2004 (Roquete e Cazes, Douro), este sim um rótulo badalado que provou que sua fama se traduz em realidade. Além deles, também degustamos: Casa Ferreirinha Colheita 1998 Sogrape (Douro), Casa Ferreirinha Reserva Especial 1997 Sogrape (Douro) - duas amostras foram servidas, uma totalmente diferente da outra - e o Pedro & Inês 2004 Dão Sul (Dão).

Escrito por Raul Fagundes Neto às 14h08[ (0) Comente] [ envie esta mensagem ] [ link ]

13/07/2008

Novamente o Montchenot

Comentei aqui há menos de um ano sobre o Montechenot (http://raul.fagundes.blog.uol.com.br/arch2007-09-09_2007-09-15.html), um vinho argentino do velho estilo, que previlegia a elegância em vez da potência tão comum nos rótulos do Novo Mundo nos últimos tempos. O assunto é polêmico, pois já li muitas críticas ao vinho, por ele ser, "oxidado", "ralo", "sem aroma e sabor" etc. Mas eu tomei o Montchentot Gran Reserva 1996 em Buenos Aires em setembro passado e adorei, achei elegante, fino, complexo, em um estilo bordalês. Por isso, fui procurar e achei algumas garrafas do Montchenot para comprar e trazer para casa.
Pois bem. Abri ontem uma das garrafas do Montchenot que está em minha adega, para acompanhar um arroz com linguiça portuguesa e grão de bico, receita da revista Gula de junho, que seria uma das predileções de D. João VI nos anos em que viveu no Brasil, além dos famosos franguinhos. O arroz ficou maravilhoso, e, se é verdade que D. Joao VI adorava a receita, temos que tirar o chapéu para a figura. E mais uma vez, o Montchenot estava excelente, o que só reforça minha opinião sobre este rótulo esquecido por críticos e consumidores, mas que ainda encanta quem gosta de vinhos ao estilo velho mundo.

Escrito por Raul Fagundes Neto às 19h19

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